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Com as relações entre seus países ainda suspensas e sem espaço para a cortesia na cerimônia de posse de Horacio Cartes, o presidente do Paraguai e o chefe de Governo da Venezuela, Nicolás Maduro, se encontrarão nesta sexta-feira na Cúpula da União de Nações Sul-americanas (Unasul) em Paramaribo, no Suriname.

O afastamento entre os dois países, após a saída de Fernando Lugo do poder há mais de um ano, parece ser uma questão de tempo. Mesmo que as relações voltem à normalidade, o Paraguai ainda mantém certa frieza em relação à Venezuela.

O governo anterior do Paraguai, liderado por Federico Franco, responsabilizou o então presidente venezuelano, Hugo Chávez, morto em março deste ano, e seu então chanceler, o atual presidente Nicolás Maduro, pelo isolamento regional que seu país sofreu após a controvertida cassação de Lugo em um julgamento político.

O governo de Franco chegou, inclusive, a declarar Maduro como 'persona non grata', e o acusou de ter "incitado" militares paraguaios do alto escalão para que se mantivessem leais ao presidente destituído durante uma visita a Assunção, em plena crise, e até hoje não há relações no nível de embaixadores entre os dois países.

O Paraguai, além disso, foi suspenso do Mercosul, o que permitiu a incorporação formal da Venezuela no bloco, que estava bloqueada desde 2006 pela recusa do Parlamento paraguaio em ratificá-la.

Apesar da mudança presidencial no Paraguai, no dia 15 de agosto, as relações com a Venezuela não mudaram.

Maduro não foi convidado para a posse de Cartes, mas, mesmo assim, enviou uma mensagem de conciliação para o novo presidente paraguaio, pedindo que o conflito fosse superado e convidando o país para ajudar na construção do futuro da integração regional.

"Como já afirmei na primeira vez em que conversamos por telefone, ratifico a boa vontade do governo bolivariano de ter as melhores relações com o Paraguai e seu governo", disse Maduro em carta enviada a Cartes.

Para Maduro, isso passa necessariamente pelo restabelecimento das relações e pela superação dos "problemas que aconteceram por consequência do golpe de estado de 21 de junho de 2012".

Além de exortar Cartes a trabalhar junto com a Venezuela para "alcançar este transcendente objetivo", Maduro reiterou a Cartes sua disposição em fazer tudo o que estiver a seu "alcance" para "o retorno do Paraguai como membro pleno" do Mercosul.

Cartes, que disse não ter recebido nenhuma carta de Maduro, afirmou sua predisposição "absoluta" para resolver os problemas, mas, por enquanto, isso parece limitado ao âmbito da Unasul.

O chanceler paraguaio, Eladio Loizaga, anunciou na semana passada que Cartes irá ao Suriname "com um espírito amplo de contribuir para dinamizar" suas relações "nos âmbitos multilateral, regional e subrregional".

Loizaga afirmou, no entanto, que "vai ser um pouco difícil" restituir as relações com o Mercosul como bloco, enquanto não for encontrada uma solução "jurídica" para que o Paraguai aceite o ingresso da Venezuela, que se tornou efetivo em julho de 2012.

"Não temos problemas com a entrada da Venezuela, para nós tem que ser por unanimidade. Há um problema que é jurídico, mas, politicamente não temos problemas com a entrada da Venezuela ou de qualquer outro país" no Mercosul, afirmou Cartes após sua posse.

A estreia internacional de Cartes no Suriname não será simples. Além de se reunir com Maduro - cuja presença não foi confirmada oficialmente, mas é dada como certa -, o presidente paraguaio terá seu primeiro encontro com os governantes de Equador, Rafael Correa, e Bolívia, Evo Morales, que se recusaram a enviar representantes para sua posse em uma resposta ao fato de o presidente venezuelano não ter sido convidado.

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