Abadia de Westminster, onde será celebrada a união: 600 mil turistas devem chegar a Londres nesta semana| Foto: Warren Allott / AFP

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Para convite, não basta ser poderoso

O presidente mais popular do mundo não está entre os convidados do casamento de William e Kate Middleton. Mas não é nada pessoal contra Barack Obama, nem contra o presidente da França, Nicolas Sarkozy, que também ficou de fora. Pela tradição, somente são convidados os chefes de estado coroados e os membros da Comunidade das Nações – da qual fazem parte algumas das ex-colônias britânicas, mas não os EUA. A ausencia de condecorações também foi a justificativa usada para falta de um convite aos ex-primeiros ministros Tony Blair e Gordon Brown. A mídia britânica interpretou a atitude como um desprezo da Família Real pelo Partido Trabalhista, já que os conservadores John Major e Margaret Thatcher foram convidados.

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Londres - Muitos vão dormir na rua para conseguir um bom lugar para ver o primeiro grande casamento da realeza britânica em 30 anos. Outros vão apenas aproveitar que dia 29 será feriado para viajar. Alguns vão fechar ruas e reunir os vizinhos para desejar longa e feliz vida aos prováveis futuros rei e rainha. Uns poucos vão usar o dia 29 para protestar contra o que chamam de anacronismo: a monarquia. Gritarão, também em festas de rua, pela república.

Esse é o retrato da sociedade britânica às vésperas do casamento de William e Kate Middleton: fanatismo, indiferença e alguma revolta.

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Numa comparação, é como o carnaval. Para a mídia internacional, o Brasil todo fica nas ruas sambando do sábado até a Quarta-Feira de Cinzas, quando na verdade muita gente não dá a menor bola para desfiles ou bailes.

Em Londres, o clima do casamento está concentrado mais no centro, onde há bandeiras por todo lado e arquibancadas e torres para acomodar emissoras de tevê. No resto do país, a "febre do casamento’’ está muitas vezes ligada à orientação política dos cidadãos.

Uma análise dos locais que solicitaram permissão para fazer festas de rua mostra que redutos do Partido Conservador vão festejar.

Onde o Partido Trabalhista (mais republicano) elege seus parlamentares, não. Liverpool, 400 mil habitantes, pediu permissão para fechar quatro ruas. Lá, o domínio é trabalhista.

Winchester (sudeste), com 41 mil habitantes, terá 23 ruas fechadas para festas. Lá, reinam os conservadores.

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A divisão também se reflete na mídia. O jornal Daily Telegraph (pró-conservadores) dá a maior cobertura sobre os preparativos do casamento. As reportagens são quase sempre favoráveis. O Guardian, republicano, faz uma cobertura mais sóbria. A maioria dos colunistas zomba do oba-oba.

O cantor George Michael gravou a música "You and I (We Can Conquer the World)’’, de Stevie Wonder, em homenagem aos noivos.

O download da canção é gratuito. O músico apenas pede que as pessoas façam doação às instituições de caridade listadas pelo casal (eles não querem saber de faqueiros e afins).

Já o escritor Martin Amis disse que a família real é um bando de filisteus. Amis trabalha num novo romance, que se chamará State of England (O Estado da Inglaterra). Segundo ele, o livro será considerado seu "último insulto ao país’’. E completa: "É sobre o declínio do meu país, sobre raiva, insatisfação, amargura’’.

Turma do contra

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Enquanto William e Kate estiverem na abadia de Westmins­ter dizendo "aceito’’, um grupo de republicanos estará em uma rua fechada em Holborn (centro de Londres) fazendo uma "festa do contra’’. O evento é organizado pelo grupo Repu­blic que luta pela abolição da monarquia. O mesmo grupo tentou fechar uma rua na região de Camden Town (norte), mas a subprefeitura local proibiu.

A argumentação oficial é que o veto foi a pedido dos comerciantes, que temiam perder vendas. O grupo reclamou de censura.

No sábado, o Republic espera fazer uma passeata. Para arrecadar dinheiro, o grupo vende canecas "comemorativas’’. Nelas, está estampado: "I’m not a Royal Wedding Mug’’ (não sou uma caneca do casamento real). Custam R$ 10.