Mulher não identificada, uma das que acusam Jeffrey Epstein de ter abusado sexualmente delas quando eram crianças, com um bracelete com a frase “Epstein não se matou”, fala publicamente pela primeira vez, em Los Angeles, 18 de novembro de 2019| Foto: Robyn Beck / AFP

Dois agentes federais que estavam trabalhando na noite em que o empresário americano Jeffrey Epstein cometeu suicídio em uma penitenciária em Manhattan foram condenados nesta terça-feira, 19, por terem supostamente falhado em conferir o detento a cada meia hora, como é previsto pelo regulamento interno.

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As condenações são as primeiras a surgirem com a abertura da investigação criminal após a morte de Epstein, o bilionário que apareceu morto em sua cela em agosto, enquanto aguardava a conclusão do inquérito com acusações de abuso sexual e tráfico de menores.

Fontes inteiradas no caso afirmam que os agentes podem ser presos ainda nesta terça. Tova Noel e Michael Thomas foram considerados culpados por falsificarem documentos e conspirarem contra os Estados Unidos. Eles não se declararam culpados, e podem ser liberados sob fiança de US$ 100 mil. O advogado de Thomas considerou que os agentes estão servindo como "bode expiatório" para o caso.

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Especificamente, a acusação relata que os dois agentes falharam em cumprir seus turnos para conferir os detentos e, ao invés disso, ficaram "sentados em suas mesas, usaram a internet e se locomoveram dentro da área comum".

Então, eles assinaram documentos em que atestavam que haviam conferido os detentos, mesmo não sendo verdade. "Os acusados tinham a função de assegurar a segurança e integridade dos detentos federais sob seus cuidados no Centro Correcional Metropolitano", defendeu o procurador dos EUA em Manhattan, Geoffrey S. Berman.

"Ao invés disso, eles repetidamente falharam em conduzir as conferências mandatórias nos detentos e mentiram em documentos oficiais, para esconder seu abandono".

Epstein, de 66 anos, estava preso havia mais de um mês quando foi encontrado morto, em 10 de agosto. A autópsia do chefe do departamento médico da cidade de Nova York emitiu um laudo como morte por suicídio. Os advogados de Epstein contestaram a conclusão, e um patologista forense contratado pela família do empresário afirmou que "as evidências apontam para homicídio".

Os agentes foram alvo de críticas logo após a morte de Epstein porque eram responsáveis por monitorar os presos da ala de segurança máxima do presídio a cada 30 minutos, onde o empresário foi colocado por ter passado por um acompanhamento pós-tentativa de suicídio dias antes.

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Ficou comprovado, com as imagens das câmeras de segurança, que os agentes dormiram por horas seguidas e falsificaram os documentos para encobrir o que haviam feito, de acordo com fontes próximas ao caso.

Teorias de conspiração, incluindo vindas da família de Epstein, acreditam que havia interesse de pessoas poderosas em acabar com a sua vida, pelo fato de personalidades importantes terem frequentado seus eventos na década de 1990, frequentados também pelas adolescentes menores de idade. Entre eles, há registros com o príncipe Andrew da Inglaterra e o próprio presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O detento havia alegado não ser culpado, e deveria ir a julgamento no ano que vem. Caso condenado, poderia enfrentar até 45 anos de prisão. Três semanas antes da sua morte, ele foi encontrado com ferimentos em sua cela, o que foi considerado como uma tentativa de suicídio. Em agosto, quando morreu, ele havia sido retirado da supervisão, mas deveria dividir a cela com outro detento, quando na verdade estava sozinho.

Além disso, a penitenciária em Manhattan estava há alguns meses com o quadro de funcionários reduzido. Na noite em que Epstein morreu, ambos os agentes estavam fazendo horas extras. Um deles se voluntariou para trabalhar, mesmo já tendo acumulado horas durante aquela semana. O outro foi obrigado a fazer um plantão duplo de 16 horas.