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Experimentos feitos nos Estados Unidos acenderam o sinal amarelo para uma das grandes promessas biomédicas dos últimos anos, as cé­­lulas-tronco reprogramadas, ou iPS.

Capazes, em tese, de reconstruir qualquer tecido do organismo, elas também podem iniciar uma rejeição no organismo que as recebe, revela pesquisa na Nature.

O fato é surpreendente porque tanto os doadores quanto os re­­ceptores das células-tronco foram os mesmos indivíduos – no caso, camundongos de laboratório.

Em situações como essa, não era para acontecer rejeição, já que o organismo deveria reconhecer as células como parte de si mesmo.

Não foi o que aconteceu com os roedores estudados por Yang Xu e seus colegas da Universidade da Califórnia. Caso o problema persista em humanos, cai por terra um dos principais atrativos de trabalhar com as células iPS.

Essa abreviação quer dizer "pluripotentes induzidas", porque a metodologia para criá-las induz células adultas (obtidas da pele, por exemplo) a adotarem estado semelhante ao embrionário, por meio da ativação de um coquetel de genes ligados à versatilidade das células.

Com isso, não é preciso destruir um embrião de verdade, es­­capando da controvérsia ética que torna terapias com células-tronco embrionárias proibidas para a Igreja Católica, por exemplo.

Segundo Xu e seus colegas, no entanto, ainda faltava verificar em detalhe o efeito das células re­­programadas sobre o sistema de defesa do organismo. Foi o que eles fizeram, inserindo nos ca­­mun­­dongos tanto as células iPS quanto células embrionárias.

O objetivo dos cientistas era formar teratomas, tumores que são uma maçaroca de vários tecidos e que comprovam a capacidade das células de gerar essa variedade de tipos celulares.

Foi então que veio a surpresa: quando as células eram do tipo reprogramado, ou os teratomas não surgiam ou eles ficavam "mur­­chos", atacados pelo sistema de defesa dos camundongos.

A explicação mais provável, dizem os cientistas, é que em muitos casos células de defesa do corpo dos roedores destruíam o tecido reprogramado como se ele fosse apenas um corpo estranho.

Ao que tudo indica, certos ge­­nes ligados ao processo de reprogramação têm como efeito indesejado justamente a capacidade de ativar o sistema de defesa do organismo.

Agora, é preciso ver como o processo aconteceria num teste terapêutico. A ideia, numa futura terapia, seria usar as células iPS já transformadas em outro tecido, e não em seu estado "bruto".

Dúvidas

As dúvidas que cercam as células-tronco reprogramadas são naturais num campo de pesquisa que tem menos de cinco anos. As tentativas de melhorar a técnica de reprogramar células adultas têm envolvido evitar a alteração direta de genes para reverter as células ao estado embrionário. E ainda está em aberto a questão da "me­­mória" das células (capacidade de guardar traços do tecido original do qual foram derivadas, como a pele).

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