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O presidente venezuelano, Hugo Chávez, anunciou na madrugada desta quarta-feira que foram dois os supostos agentes do Departamento Administrativo de Segurança da Colômbia (DAS) presos no país na terça-feira fazendo espionagem. O anúncio foi feito durante um discurso agressivo na TV oficial, que aumentou ainda mais as tensões entre Bogotá e Caracas. O presidente venezuelano disse que os colombianos estariam participando de um plano dos EUA para desestabilizar seu governo.

"(Os agentes) foram capturados com a mão na massa", disse Chávez, acrescentando que os supostos espiões serão submetidos a tribunais venezuelanos.

Por sua vez, o diretor do DAS, Felipe Muñoz, disse que nenhum de seus agentes estava trabalhando na Venezuela e não sabe quem os venezuelanos prenderam. "Realmente não sabemos do que se trata", afirmou Muñoz.

O governo venezuelano não revelou a identidade nem o local onde os supostos espiões foram detidos. Mas empenhou-se para acentuar o perfil conspiratório desse episódio, que tende a aprofundar o desgaste da relação bilateral, congelada desde meados deste ano.

Primeiro, Chávez lembrou que, no final de 2004, agentes colombianos cruzaram a fronteira para "sequestrar" Rodrigo Granda, guerrilheiro conhecido como o chanceler das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Depois, insistiu que essas atividades do DAS na Venezuela são recorrentes e, neste momento, teriam sido reforçadas em função da assinatura, prevista para quinta-feira, do novo acordo militar entre a Colômbia e os EUA.

Horas mais tarde, na véspera de receber o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Chávez preferiu ser um pouco mais prudente. Ele evitou falar sobre o episódio dos agentes durante uma reunião do Conselho de Ministros, mas mencionou a chacina dos oito colombianos cujos corpos foram encontrados numa cidade fronteiriça venezuelana e responsabilizou a "realidade colombiana" pela tragédia. Chávez acusou o governo de Álvaro Uribe pela expansão da guerrilha e dos grupos paramilitares além de suas fronteiras.

"Dizem que foi a guerrilha. Seja a guerrilha, sejam os paramilitares, sejam os bandos organizados do narcotráfico, esse é um fenômeno que vem da Colômbia", ressaltou no evento, transmitido por uma rede oficial de TV.

Coube ao deputado Mário Isea, aliado de Chávez, os ataques mais contundentes à Colômbia. Isea afirmou que há um plano de Bogotá, conhecido por Uribe, para infiltrar paramilitares colombianos na Venezuela com a missão de conspirar contra o governo Chávez. "O ingresso de paramilitares no país é parte de uma declaração de guerra silenciosa contra a Venezuela", defendeu, em entrevista a uma rede oficial de TV.

Cabe ao governo venezuelano, que trabalha com a hipótese de que os assassinos eram paramilitares colombianos, investigar o massacre. Como adiantou Chávez, a atividades das vítimas está sob investigação porque "alguém financiava" o grupo e seus membros não tinham documentos oficiais.

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