O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, chamou na terça-feira o canal oposicionista de notícias Globovisión de inimigo do Estado e disse, dias depois de fechar outra emissora de oposição, que fará o que for necessário para impedir a rede de incitar à violência.
Dezenas de milhares de venezuelanos fizeram passeatas em Caracas pelo quarto dia consecutivo em protesto pelo fechamento da RCTV, o que provocou críticas internacionais de que o líder esquerdista estaria restringindo as liberdades democráticas.
A TV estatal mostrou centenas de simpatizantes do governo numa passeata no centro de Caracas para celebrar a decisão de Chávez.
"Inimigos da pátria, particularmente nos bastidores, eu lhes darei um nome: Globovisión. Saudações, cavalheiros da Globovisión. Vocês devem prestar atenção aonde vão", disse Chávez em uma transmissão que todos os canais são obrigados amostrar.
Ele acusou a Globovisión de tentar incitar o seu assassinato e de manipular as reportagens sobre os protestos pelo fechamento da RCTV de uma maneira que poderia levar a uma situação similar a do frustrado golpe de 2002 contra ele.
"Recomendo que tomem um tranq¼ilizante e entrem nos eixos, porque se não eu vou fazer o que for necessário", acrescentou.
Com o fim da RCTV, a Globovisión passa a ser o principal canal da oposição no país, embora não tenha abrangência nacional.
Chávez tem um longo histórico de disputas com emissoras de TV oposicionistas, que apoiaram abertamente o golpe de 2002 e se recusaram a mostrar a enorme mobilização de seguidores dele, que acabou virando a maré em favor de Chávez.
A desativação da RCTV, no domingo, levou a confrontos intermitentes entre manifestantes que atiravam garrafas e pedras e policiais usando balas de borracha e gás lacrimogêneo. Chávez criticou a imprensa oposicionista por dizer que a polícia atacou a oposição, argumentando que os soldados usaram a força legitimamente.
O diretor-geral da Globovisión, Alberto Ravell, afirmou à Reuters que as acusações contra o canal são "ridículas", mas se disse preocupado com a ofensiva do governo.
"Se este governo com uma canetada fechou a estação de TV mais velha do país (a RCTV), que estava no ar havia 53 anos, como não será capaz de fechar esta estação, que é muito menor."
Chávez pediu aos venezuelanos que fiquem em alerta para impedir que os protestos se transformem em uma nova tentativa de golpe. Apelou especialmente aos bairros pobres para que repitam o apoio que o permitiu voltar em 2002.
"Estejam alertas, nos morros, nas favelas", disse.
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