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Seguidores de Chávez tomaram as ruas de Caracas, a capital do país, para festejar o início do novo mandato do presidente, que está em tratamento em Cuba | Miguel Gutiérrez/EFE
Seguidores de Chávez tomaram as ruas de Caracas, a capital do país, para festejar o início do novo mandato do presidente, que está em tratamento em Cuba| Foto: Miguel Gutiérrez/EFE

Reação

Oposição aceita decisão do Supremo, mas marca protesto para dia 23

Folhapress

Os parlamentares da Mesa de Unidade Democrática (MUD), coalizão opositora da Venezuela, anunciaram ontem que acatam a decisão da Justiça que adiou a posse de Hugo Chávez em seu novo mandato, mas convocaram para o dia 23 um ato de protesto contra o governo.

"Acatamos a decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) porque somos democratas, mas não vão nos silenciar", disse o deputado opositor Alfonso Marquina. "Qual o real estado de saúde de Chávez?", questionou.

A data escolhida pela oposição para a manifestação, 23 de janeiro, é simbólica porque marca a queda da ditadura de Marcos Pérez Jimenez (1953-1958) no país.

Ontem, o Conatel, órgão do governo regulador da mídia, proibiu a Globovisión de exibir spots com os artigos da Constituição sobre a posse que provocaram controvérsia nos últimos dias.

A medida foi rejeitada por associações de jornais e mídia do país.

Resposta

Em discurso nos arredores do palácio presidencial, o Miraflores, o vice-presidente, Nicolás Maduro, ratificado no cargo no novo mandato pelo TSJ, respondeu à MUD.

"Se vocês não reconhecem a mim, não sou obrigado a reconhecer vocês", lançou o vice aos opositores.

Maduro afirmou ainda que estudava medidas legais contra eles.

  • Humberto Lopez, conhecido como

Hugo Chávez começa a cantar, com voz potente, o hino da Venezuela, acompanhado por uma multidão nos arredores do palácio presidencial em Caracas. Tudo transmitido em cadeia nacional de rádio e TV. A voz do presidente é, porém, apenas uma gravação.

Convalescente em Cuba, Chávez não participa da festa montada em sua homenagem, ontem, na capital do país, espécie de blindagem popular para a decisão do governo, chancelada pela Justiça, que adia, sem nova data, a cerimônia de posse do novo mandato presidencial prevista para ontem.

O lema da mobilização é "Yo Soy Chávez" (Eu sou Chávez), estampado em camisetas distribuídas pelo governo, e "Yo me Juramento con Chávez’’ ("eu juro com Chávez", em espanhol).

"Enquanto Chávez estiver vivo será nosso presidente. É assim que deve ser", diz Dulis Méndez, 52 anos, que viajou mais de dez horas para chegar a Caracas para a festa. "O presidente somos todos nós. Chávez manda obedecendo o povo", diz Méndez, que veio num ônibus pago pelo partido chavista, ecoando palavras frequentes do presidente.

Num palco, músicos venezuelanos, uma miss que saúda a multidão e representantes dos governos vizinhos, entre eles o chanceler argentino Hector Timerman, que foi o primeiro a falar.

Os presidentes José Mujica (Uruguai), Evo Morales (Bolívia), Daniel Ortega (Nicarágua) e altos funcionários de vários países pertencentes à Petrocaribe, a iniciativa venezuelana que vende petróleo a preços subsidiados a países pobres, especialmente do Caribe.

Polêmica

Na quarta-feira, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), a principal corte do país, chancelou o adiamento indefinido da posse de Chávez. Desta forma, os magistrados ratificaram a visão chavista de que a cerimônia de posse é uma formalidade sem data estipulada na Constituição. A data firmada pela Constituição, 10 de janeiro, vale só para a cerimônia no Legislativo – posteriormente, a posse ocorre ante do TSJ.

Para os magistrados, a posse pode ser adiada porque é o próprio Chávez quem encabeça o próximo mandato.

"Che" venezuelano reza por seu herói

Reuters

Um sósia extravagante do herói revolucionário latino-americano Ernesto "Che" Guevara tem sido durante anos uma visão familiar pelas ruas da Venezuela angariando apoio para seu outro herói socialista, o presidente Hugo Chávez.

No entanto, Humberto López, de 54 anos, tem se mostrado uma figura mais contida estes dias, enquanto espera e reza por notícias melhores vindas de Cuba, onde Chávez está lutando para se recuperar de uma cirurgia contra o câncer.

"Todos os dias depois que acordo, eu acendo uma vela para ele", diz o barbudo López, fumando um charuto e ajustando uma boina ao estilo Che, em frente a um santuário para Chávez em sua casa.

"Eu amo o Chávez. É simples assim. Ele não é apenas um homem ou um líder, ele é a esperança dos pobres e despossuídos do mundo, o coração da pátria. Quando o coração está sangrando, como posso ser feliz?".

Embora visto por muitos como uma espécie de caricatura quando desfila nas ruas, López é um ativista militante que admite ter participado de vários atos de violência durante os turbulentos 14 anos de governo de Chávez.

Ele carrega uma faca amarrada ao tornozelo, mostra um ferimento de bala e outras lesões e desfia detalhes de seu envolvimento em alguns dos eventos mais dramáticos no passado recente da Venezuela – atacar a mídia de oposição, infiltrar-se em protestos, defender Chávez durante um breve golpe em 2002.

Sua tristeza sobre a saúde frágil de Chávez espelha os sentimentos de milhões de partidários fanáticos do presidente entre os pobres da Venezuela, que o veem praticamente como um messias e têm dificuldades de contemplar um fim ao seu governo.

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