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Sting: sem dom para as rimas | Arquivo Gazeta do Povo
Sting: sem dom para as rimas| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

O chefe dos agentes britânicos que mataram a tiros o brasileiro Jean Charles de Menezes em uma estação do metrô de Londres chorou nesta terça-feira (16) ao depor no julgamento contra a Scotland Yard.

Segundo fontes judiciais, o agente admitiu que, apesar da trágica morte do jovem brasileiro, ocorrida há dois anos, ele se sentia "muito orgulhoso" de seus colegas, porque estavam dispostos a arriscar a vida para proteger a população.

O responsável do grupo prestou declaração sob o pseudônimo de "Ralph" no julgamento realizado no tribunal de Old Bailey, em Londres, contra a Scotland Yard por crimes com base na Lei de Segurança e Higiene no Trabalho, de 1974, que obriga as forças da ordem a zelar pela integridade de todos.

Jean Charles, de 27 anos, foi morto a tiros em 22 de julho de 2005 na estação de metrô de Stockwell, por agentes que o confundiram com Hussain Osman, terrorista que tentou no dia anterior cometer um atentado contra a rede de transporte da capital britânica, semelhante aos de 7 de julho do 2005.

"Ralph", que falou por trás de um biombo para preservar sua identidade, disse que as únicas pessoas que perseguiam Jean Charles eram do grupo CO19 de agentes armados e responsáveis pelas tarefas de vigilância e acompanhamento de supostos terroristas.

"Enfrentaríamos uma situação para proteger a população, inclusive se este homem estivesse com uma bomba", disse. "Apesar do que aconteceu, estava muito orgulhoso deles", afirmou "Ralph", quando começou a chorar.

No dia da tragédia, o brasileiro saiu de um edifício vigiado pela polícia no sul de Londres, onde as forças da ordem achavam que Osman estava.

A Procuradoria britânica decidiu no ano passado exonerar os agentes envolvidos no incidente e processar a instituição.

Nos atentados fracassados de 21 de julho, nenhuma pessoa ficou ferida porque só os detonadores explodiram, e não as bombas, mas pretendiam imitar os ataques de 7 de julho anterior contra a rede de transporte de Londres, que deixaram 56 mortos, entre eles quatro terroristas.

Balas especiais

A Scotland Yard usou balas especiais contra o brasileiro Jean Charles de Menezes, informou o site de notícias da TV britânica "BBC".

As balas foram feitas para se alojar no corpo da vítima e não atravessá-lo. Desta forma, pode causar uma morte instantânea, segundo o jornal britânico "The Guardian".

A polícia britânica vem sendo julgada desde o último dia 1º. Os policiais que participaram da morte do brasileiro não serão julgados, apenas a instituição.

Mesmo se for considerada culpada, a Scotland Yard deve ser no máximo condenada a pagar uma multa.

Novo vídeo

Um novo vídeo relacionado à morte de Jean Charles foi exibido no último dia 10, durante o julgamento.

As imagens que mostram os vários agentes armados que perseguiram Jean Charles pela estação Stockwell, do metrô de Londres, na Inglaterra. Os policiais armados, entre eles os dois que atiraram e mataram Jean Charles foram filmados pelas câmeras de vigilância entrando de forma apressada na estação de metrô de Stockwell, no sul de Londres.

Saiba mais

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As imagens, que já tinham sido exibidas pela rede de TV BBC, mostram o exato momento em que os agentes que mataram Jean Charles chegam à estação com toda a pressa, minutos depois do brasileiro e dos policiais que o vigiavam.

A gravação também mostra alguns usuários do metrô saindo correndo da cena do crime, assustados com o que presenciaram.

O vídeo foi exibido depois que um dos agentes de vigilância, identificado como Graham, disse que estava no saguão de entrada da estação quando chegaram os vários agentes armados da unidade de elite da Scotland Yard, conhecida como SOB19.

"Lembro deles gritando e tentando pular as roletas de acesso", testemunhou Graham no julgamento, no qual a Scotland Yard é acusada de colocar a vida de outras pessoas em risco, ao infringir a Lei de Segurança e Higiene no Trabalho.

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