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O chefe dos boinas azuis, Hervé Ladsous, reconheceu nesta quarta-feira (25) em Damasco que os observadores da ONU enfrentam uma dura missão na Síria, de onde metade do contingente se retirou depois do agravamento da violência, com o aumento dos confrontos entre o regime e os insurgentes.

Mesmo assim, Ladsous afirmou em entrevista à imprensa que "os diplomatas deveriam ser sempre otimistas. Concordo que (a situação) é pior agora que antes, mas acredito que os círculos viciosos acabarão e o diálogo será iniciado", disse, após chegar ontem à capital síria para avaliar o conflito no terreno.

O subsecretário-geral para Operações de Paz da ONU ressaltou ainda que o número de observadores na Síria caiu para a metade, de 300 a 150, devido à continuação da violência.

Quanto a isso, Ahmad Fawzi, porta-voz do enviado especial da ONU para a Síria, Kofi Annan, explicou hoje, de Genebra, que a medida é uma resposta à "decisão de reconfigurar os objetivos da missão e se concentrar mais em aspectos políticos que em militares".

Nesta manhã, Ladsous se reuniu com várias autoridades sírias para estudar a situação e apresentá-las ao novo responsável da missão de UNSMIS, o senegalês Babacar Gaye, que chegou ontem à noite a Damasco.

Gaye, principal assessor militar da ONU que substituirá o general Robert Mood, prometeu que fará todos os esforços para "ajudar a aliviar o sofrimento dos sírios".

A visita dos dois dirigentes da ONU se deu depois que o Conselho de Segurança concordou, no dia 20, prorrogar por um período final de 30 dias a missão dos observadores.

A violência continuou hoje em diversas províncias do país, causando, segundo a oposição, a morte de mais de 80 pessoas nos bombardeios e nos combates entre as tropas do regime e dos rebeldes do Exército Livre Sírio (ELS).

Só em Aleppo, a segunda maior cidade do país, morreram entre 16 e 20 pessoas - dependendo das fontes - em bombardeios nos bairros de Al Sukari, Salah ad-Din, Al Sajur, Al Bab e Bustan al Qasr, quando as tropas do regime atiraram de helicópteros.

Damasco

Em Damasco, foram registrado bombardeios com artilharia e bombas nas regiões de Yurat al Shaibati, que também foi palco de confrontos entre o Exército e insurgentes, Al Sabina e Al Alasali, enquanto o bairro de Yobar foi assaltado pelas tropas do regime.

Os Comitês de Coordenação Local (CCL) e a rede Sham denunciaram, além disso, um massacre na cidade de Al Qabun, na periferia da capital, onde foram encontrados mais de dez cadáveres, supostamente de civis que haviam sido detidos pelas forças governamentais.

Um ativista local, Omar Hamza, explicou à Agência Efe que alguns corpos estão degolados e outros carbonizados, e que foram descobertos pelos moradores quando retornaram a suas casas.

A televisão síria anunciou hoje que prossegue "a limpeza" do município de Daria, próximo a Damasco, de "terroristas e mercenários" foragidos do bairro de Al Midan; da mesma forma que em localidades das províncias de Hama, Deraa e Aleppo.

Tais informações não puderam ser verificadas de forma independente, pelas restrições impostas pelas autoridades ao trabalho do jornalista.

Enquanto isso, o embaixador sírio nos Emirados Árabes Unidos, Abdel Latif al Dabbagh, desertou hoje e renunciou a seu cargo à frente da missão.

Uma fonte próxima ao diplomata disse à Efe que o embaixador tomou a decisão há tempos e que esperava o momento adequado para anunciá-la, simultaneamente a sua esposa, Lamia al Hariri, representante diplomática síria no Chipre, que esta semana se uniu à oposição.

Al Dabbagh seria o terceiro diplomata sírio que deserta após Al Hariri e o embaixador sírio em Bagdá, Nawaf al-Fares, que anunciou no dia 11 o abandono do regime de Bashar al Assad devido aos "terríveis massacres" cometidos.

Ontem à noite, o general-de-brigada Manaf Tlass, do círculo mais próximo de Assad, confirmou em um vídeo transmitido pelo canal "Al Arabiya" a adesão à oposição, em sua primeira aparição pública desde que abandonou o país, no começo do mês.

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