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Ex-presidente Michelle Bachelet direcionou seus principais projetos para a classe média | Eliseo Fernandez/Reuters
Ex-presidente Michelle Bachelet direcionou seus principais projetos para a classe média| Foto: Eliseo Fernandez/Reuters

Dependência

Com divergências em várias propostas, os candidatos à presidência concordam em um ponto: é preciso encontrar soluções para a dependência da economia do país em relação ao cobre. O metal chega a representar quase 20% do Produto Interno Bruto (PIB) e corresponde a 60% das exportações. Porém, há previsão de desaceleração do mercado.

Perfis

Os chilenos vão às urnas hoje para escolher o novo presidente do país em uma votação histórica com nove candidatos. Veja abaixo uma breve descrição dos candidatos que disputam a Presidência:

Franco Parisi (46 anos)

Professor de Economia, ficou conhecido ao participar de programas de televisão para explicar "a economia fácil" e questionar empresários por escândalos financeiros.

Marcel Claude (56 anos)

Líder ambientalista e candidato do Partido Humanista. Propõe a nacionalização da indústria do cobre para financiar a educação gratuita e universal e melhorias na saúde pública.

Ricardo Israel (63 anos)

Analista político, representa o Partido Regionalista dos Independentes (PRI). O eixo de seu programa é que o país estimule o desenvolvimento regional.

Marco Enriquez-Ominami (40 anos)

Ex-deputado socialista e filho de um ex-guerrilheiro de esquerda. Propõe mudanças radicais na educação, saúde e pensões com uma reforma tributária profunda.

Roxana Miranda (46 anos)

Dona de casa que surgiu como candidata depois de liderar um movimento social em defesa de moradia, é crítica da classe política e dos vínculos com o setor empresarial.

Michelle Bachelet (62 anos)

Presidente do Chile em 2006-2010, lidera as pesquisas. Sua principal proposta consiste numa reforma tributária para arrecadar mais de 8 bilhões de dólares e reformar a educação.

Evelyn Matthei (60 anos)

A ex-ministra do atual governo surgiu como a única candidata da situação. Filha de um general, enfatizou que seu governo será de continuidade da atual gestão.

Alfredo Sfeir (66 anos)

Candidato pelo Partido Ecologista Verde. Suas propostas baseiam-se na mudança do modelo econômico neoliberal para um sustentável.

Tomas Jocelyn-Holt (50 anos)

Ex-deputado do Partido Democracia Cristã. É candidato independente e aposta na renovação da política com a retirada da geração que assumiu após a ditadura de Augusto Pinochet.

  • Governista Evelyn Matthei diz que a gestão do país não precisa de grandes mudanças

Quarenta anos depois do golpe que tirou Salvador Allende do poder, o Chile ainda vive à sombra da ditadura militar. No dia das eleições presidenciais, o país se mostra dividido. Uma parte acredita que os chilenos devem contar uma nova história, sem o peso da herança de Augusto Pinochet na política e na economia. Outra parte defende que a ditadura trouxe um legado positivo, especialmente econômico, e que o modelo precisa de ajustes mas não deve ser abandonado.

Duas candidatas lideram a disputa marcada para hoje: a ex-presidente Michelle Bachelet, que está na frente na disputa, representa os socialistas na coligação Nova Maioria, e Evelyn Matthei, da Aliança, defende a manutenção do modelo atual de governo, com apoio do atual presidente Sebastián Piñera.

Outros sete candidatos concorrem à sucessão de Pi­­ñera com menores chances na disputa. Além da presidência, os chilenos também vão escolher os novos deputados e 20 senadores, que serão peças-chave na votação de possíveis reformas políticas e econômicas no mandato do novo presidente.

Na campanha, Bachelet destacou que seus principais projetos para o próximo mandato são focados na classe média chilena. "Não queremos que uma família de classe média fique endividada ao limite, porque faz um tremendo esforço para que os filhos possam estudar. Queremos a educação como um bem social, não como um bem de consumo" discursou.

Já a candidata da Aliança fez questão de deixar claro aos eleitores suas diferenças com Bachelet. "Se em uma casa há goteiras e um vidro rachado, temos que consertar, mas não é necessário derrubar tudo e fazer uma outra nova", afirmou. "O Chile é uma casa com bom cimento, sólida. Devemos enfrentar os problemas e resolvê-los", disse Matthei.

Mudanças na área social são o maior desafio

Durante os três meses de campanha eleitoral no Chile, os nove candidatos que disputam a sucessão do presidente Sebastián Piñera repercutiram as manifestações que tomaram as ruas do país nos últimos dois anos.

Estimulada pelos estudantes, a população tem exigido mudanças em áreas que sofreram com grandes diferenças sociais nos últimos 20 anos. Possíveis reformas no sistema educacional chileno e a proposta de uma nova Constituição são as atuais divergências entre as candidatas favoritas, que defendem modelos distintos.

As tendências liberais na economia chilena atraíram mais capital estrangeiro e ajudaram a construir uma base mais sustentável de crescimento nos últimos anos. Por outro lado, o país convive com um problema que não consegue resolver: segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Chile está entre as cinco nações mais desiguais da América Latina.

A percepção dos chilenos é que o país vai bem, mas a maioria não se sente incluída socialmente. "Avançamos muito em pouco tempo e as pessoas exigem novos direitos", diz o sociólogo Marcelo Arnold.

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