Mesquita em Xinjiang, no noroeste da China. Imagem: AFP| Foto:
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A China está destruindo mesquitas em Xinjiang como parte de um projeto de perseguição ao povo uigur e apagamento de sua cultura e religião. A denúncia foi feita em estudo conduzido pelo Instituto Australiano de Política Estratégica (Aspi, na sigla em inglês).

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Os uigures são um grupo minoritário muçulmano de aproximadamente 11 milhões de pessoas que vivem principalmente na região noroeste da China. A perseguição do Partido Comunista da China contra a minoria no país já é bastante conhecida, especialmente depois da publicação de documentos e reportagens no ano passado sobre os campos de reeducação em Xinjiang, onde milhares de uigures são detidos e forçados a abandonar suas crenças e a seguir a cartilha do governo comunista, sob alegação oficial de que mostraram “sinais de extremismo religioso”.

Após acusações de que o governo chinês mantinha campos de detenção e forçava esterilizações aos uigures, agora as mesquitas islâmicas são alvos de ataques.

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“O governo chinês embarcou em uma campanha sistemática e intencional para desgastar e redefinir a cultura dos uigures e de outras comunidades de língua turca a fim de tornar essas tradições culturais subservientes à nação chinesa”, diz Nathan Ruser, autor da pesquisa.

Confira: Uigur retirado à força de casa mostra como é um campo de detenção chinês

Usando imagens de satélite, o estudo estima que aproximadamente 16 mil mesquitas em Xinjiang (65% do total) foram destruídas ou danificadas como resultado de políticas governamentais chinesas. A estimativa é de que 8,5 mil mesquitas tenham sido totalmente demolidas. Além disso, 30% de outros locais sagrados islâmicos (santuários, cemitérios e rotas de peregrinação, muitos deles protegidos pela lei chinesa) foram demolidos em Xinjiang e outros 28% foram danificados ou alterados de alguma forma.

Os ataques a mesquitas são acompanhados de outros esforços para reprimir a vida social e cultural dos uigures, incluindo perseguição à língua, música, aos lares e até mesmo às dietas dos uigures. As políticas do governo chinês estão apagando e modificando elementos-chave da herança cultural do povo uigur, aponta o estudo.

Ruser afirma que as organizações internacionais e governos estrangeiros fizeram vista grossa à situação. Segundo ele, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos) permaneceram em silêncio diante das crescentes evidências de destruição cultural em Xinjiang. Nem mesmo os países de maioria muçulmana desafiaram o governo chinês, afirma.

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“A Unesco e o Icomos devem investigar imediatamente o estado do patrimônio cultural islâmico e uigur em Xinjiang e, se for constatado que o governo chinês está violando o espírito de ambas as organizações, deve ser devidamente sancionado”, defende Ruser. “Os governos de todo o mundo devem se manifestar”, completa.