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A China e o Japão completaram neste sábado (29) o 40º aniversário do estabelecimento de laços diplomáticos entre os dois países, data que coincide com fortes tensões entre ambos os governos pela soberania das ilhas Diaoyu/Senkaku, por isso as celebrações oficiais foram canceladas.

Em um clima de acusações mútuas que foram levadas nesta semana para a Assembleia Geral das Nações Unidas, a imprensa oficial chinesa "esqueceu" o aniversário e um dos poucos atos comemorativos em Pequim, um seminário de especialistas sobre os 40 anos de laços diplomáticos, realizado na véspera, acabou sendo uma nova fonte de acusações e até ameaças contra Tóquio.

"A China responderá a qualquer provocação militar e os soldados chineses são duros", disse durante o seminário o ex-embaixador do gigante asiático em Tóquio Xu Dunxin, citado hoje pelo jornal "South China Morning Post".

Outro conferencista, o funcionário do Ministério das Relações Exteriores chinês Le Yucheng, assegurou que as relações estabelecidas entre Pequim e Tóquio em 29 de setembro de 1972 podem "afundar como o Titanic" se o Japão mantiver a compra das três ilhas do arquipélago, que os chineses chamam de Diaoyu.

Horas antes, na Assembleia Geral da ONU em Nova York, o próprio chanceler chinês, Yang Jiechi, acusou o Japão de "roubar" as ilhas. Nas águas do arquipélago suspeita-se que existam ricas reservas pesqueiras e jazidas de petróleo e gás natural.

A China e o Japão reivindicam as ilhas há décadas e no acordo de 1971, prévio ao reatamento diplomático, reconhecem que o território estava em disputa. Mas o conflito aumentou em agosto, quando o governo do primeiro-ministro do Japão, Yoshihiko Noda, aprovou a compra de três ilhotas de um empresário privado, também japonês.

O fato gerou condenações na China e protestos antijaponesas em Pequim e outras cidades com registros de incidentes violentos. Os chineses também boicotaram produtos de companhias japonesas, que interromperam seu funcionamento na China.

O Japão rompeu relações com a República da China e as retomou com a comunista República Popular da China há quatro décadas, durante uma visita a Pequim do então primeiro-ministro do Japão, Kakuei Tanaka, que negociou esse passo com seu colega chinês Zhou Enlai.

O acontecimento foi decisivo para a saída do isolamento internacional do regime de Mao Tsé-Tung, que nesse mesmo ano deu outro passo importante nesse sentido com a visita ao país asiático do então presidente americano Richard Nixon.

Desde então, analisa hoje o jornal "South China Morning Post", as relações entre as duas potências asiáticas tiveram altos e baixos, mas nunca tinham chegado a um momento tão tenso, talvez com exceção de 1989, quando Tóquio suspendeu os intercâmbios de alto nível após o massacre de Praça da Paz Celestial e cancelou três empréstimos a Pequim.

A China aproveitou os dias anteriores ao aniversário para publicar sua posição oficial sobre a soberania do arquipélago em conflito, que afirma que as ilhas de apenas sete quilômetros quadrados são parte inseparável do país.

Pequim defende que marinheiros chineses descobriram as ilhas durante a dinastia Ming (1368-1644).

A China acusa o Japão de ter ocupado ilegalmente as ilhas após sua vitória na guerra entre ambos os países em 1895 e argumenta que Tóquio se comprometeu a devolvê-las após sua derrota na Segunda Guerra Mundial.

O Japão, por sua parte, alega que na sua primeira exploração das ilhas, por volta de 1885, constataram que elas estavam desabitadas e não verificaram nenhum sinal da presença chinesa.

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