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Em Hong Kong, manifestantes pedem que a China liberte o dissidente Liu Xiaobo | Mike Clarke/AFP
Em Hong Kong, manifestantes pedem que a China liberte o dissidente Liu Xiaobo| Foto: Mike Clarke/AFP

A China impediu ontem um encontro entre autoridades europeias e Liu Xia, esposa do ganhador do Prêmio Nobel da Paz, o defensor da democracia Liu Xiaobo, que está preso há dois anos. O governo chinês cortou o acesso telefônico à esposa de Xiaobo e cancelou o encontro que teria com autoridades da Noruega. O cancelamento foi visto como uma retaliação da China ao prêmio dado a Liu, um critico literário de 54 anos, que foi condenado a 11 anos de prisão por incitar a subversão. Liu, que se encontrou brevemente com sua esposa ontem, dedicou o prêmio às "almas perdidas" nas manifestações estudantis de 1989.

Premiando Liu, o comitê do Nobel, localizado na Noruega, homenageou as mais de duas décadas de defesa dos direitos humanos e de mudanças democráticas pacíficas realizadas por ele, desde as manifestações pela democracia na Praça de Tiananmen, em Pequim, em 1989, até o manifesto de reforma política que ele foi coautor e que levou a sua prisão.

O governo de Pequim reagiu furiosamente ao anúncio do prêmio na sexta-feira, chamando Liu de criminoso e ameaçando a Noruega de rompimento de relações, mesmo sendo o comitê do Prêmio Nobel uma organização independente. Ontem, o governo cancelou abruptamente um encontro que havia sido marcado para amanhã entre o ministro da Pesca da Noruega, Lisbeth Berg-Hansen e sua contraparte chinesa. Berg-Hansen estava na China em uma viagem de uma semana para visitar a World Expo em Xangai.

O Dalai Lama criticou a China por sua resposta ao Prêmio Nobel da Paz, dizendo que o governo deve mudar. O líder espiritual tibetano, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1989, disse que Pequim deve reconhecer que promover uma sociedade livre é a única forma de salvar todas as pessoas na China. Quatro especialistas em direitos humanos da ONU divulgaram ontem um documento pedindo a imediata libertação de Liu. A ONU pediu que "todas as pessoas presas por exercer pacificamente seu direito de liberdade de expressão" fossem libertadas.

Incomunicável

Diplomatas europeus foram impedidos de visitar a mulher de Liu, Liu Xia, que está vivendo em prisão domiciliar desde sexta-feira. Liu Xia foi informada que se ela quiser sair de sua casa deverá ser escoltada por um carro da polícia, de acordo com o grupo Direitos Humanos na China. Liu Xia informou que está sem comunicação telefônica e sem internet, que foram cortadas, impedindo que ela se comunique com a mídia ou com seus amigos.

Simon Sharpe, o primeiro se­­cretário de relações políticas da União Europeia na China, disse que ele foi se encontrar com Liu Xia em sua casa em Pequim para entregar uma carta de congratulações do presidente da Comissão Europeia José Manuel Barroso. Sharpe estava acompanhado de diplomatas de 10 outros países incluindo Suíça, Suécia, Polônia, Hungria, República Tcheca, Bélgica, Itália e Austrália. Mas três guardas uniformizados no portão principal do apartamento de Liu impediram a entrada do grupo. Eles disseram que para entrar, eles teriam de chamar alguém do apartamento para liberar a entrada. Mas como Liu Xia estava sem telefone, era impossível chamá-la.

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