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A China permitirá que uma idosa ativista contra a Aids vá aos Estados Unidos receber um prêmio de direitos humanos, voltando atrás depois que a prisão domiciliar de duas semanas da médica provocou protestos internacionais.

Gao Yaojie foi convidada a receber um prêmio do grupo norte-americano Vital Voices, reconhecendo seu pioneirismo na divulgação e combate ao HIV na zona rural da China central, onde muitos milhares de agricultores pobres que venderam sangue nos anos 1990 foram infectados.

Gao, 80, havia abandonado as esperanças de receber o prêmio pessoalmente porque a polícia de Zhengzhou, capital da província de Henan, havia impedido sua saída desde o começo de fevereiro, de forma que não pôde ir a Pequim para tirar um visto.

Na noite de sexta-feira, entretanto, uma alta autoridade da província visitou Gao e lhe disse que ela poderia ir a Washington, e que o governo a ajudaria a conseguir o visto.

``Eu disse a ele que não precisava de ajuda'', disse Gao à Reuters no sábado. ``Acho que eles não esperavam o fuzuê. Sou apenas uma pessoa comum, mas eles subestimaram as coisas.''

Depois da visita de Chen Quanguo, membro da liderança do Partido Comunista de Henan, a polícia, que havia montado guarda à porta de seu apartamento durante duas semanas, desapareceu.

Melanne Verveer, presidente da Vital Voices, elogiou a mudança de atitude do governo chinês.

``A dra. Gao manifestou sua alegria e desejo de receber o prêmio pessoalmente, e estamos contentes de que agora, aparentemente, seu desejo será realizado'', disse ela, em uma nota divulgada por e-mail.

Gao, que fala chinês com o sotaque carregado de Henan, sua província natal, é conhecida na China e recebia cobertura positiva da imprensa local, até que suas críticas implacáveis da cumplicidade do governo na disseminação da Aids se tornaram um problema.

A mídia local manteve silêncio sobre a detenção da médica.

Gao ajudou a chamar a atenção para a alta incidência da Aids em Henan. Durante a década de 1990, estações locais de sangue comercial controladas pelo governo espalharam o vírus HIV entre os agricultores que vendiam plasma e recebiam transfusões infectadas.

A médica foi impedida de viajar ao exterior duas vezes para receber prêmios, um de direitos humanos e saúde pública, em 2001, e outro de serviço público, em 2003.

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