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Já pensou se, ao invés de ir a clínicas de reabilitação e de sofrer com a abstinência, os viciados em drogas pudessem apenas tomar uma pílula para anular sua compulsão? Não, tal remédio milagroso ainda não existe no mercado, mas digamos que, futuramente, ele pode ficar disponível.

Isso porque um grupo de cientistas chilenos descobriu uma região do cérebro – o córtex insular, ou ínsula – que pode ser a responsável pelas percepções das necessidades do corpo, como sentimentos e emoções. Os pesquisadores conseguiram demonstrar que, ao menos em ratos de laboratório, essa área teria influência sobre a compulsão do vício pela anfetamina (um tipo de droga sintética).

No estudo, publicado na edição desta semana da revista "Science", a equipe descobriu que, ao anular temporariamente a função da ínsula no cérebro dos animais, a necessidade da droga era interrompida.

Em outro teste, os pesquisadores submeteram os ratos a um estabilizador de humor composto por lítio, substância presente em alguns medicamentos que causam mal-estar e desconfortos gastrointestinais. Quando a mesma região cerebral foi estimulada, de modo a anular a função insular, as cobaias não sentiram os efeitos negativos da droga.

Fumantes e comedores compulsivos

Se os mesmos princípios verificados em ratos forem comprovados em humanos, a descoberta pode dar origem a novas drogas que atuariam diretamente no tratamento dos vícios e dos efeitos colaterais comportamentais desencadeados por alguns medicamentos, conforme explicou ao G1 o pesquisador Fernando Torrealba, um dos responsáveis pelo estudo.

"Este e outros trabalhos que contribuem para clarear as funções da ínsula podem levar, futuramente, a terapias que agirão no alívio de diferentes tipos de compulsão, como por tabaco, droga e comida", diz Torrealba, que trabalha na Pontifícia Universidade Católica do Chile.

"Mas claro que não tenho certeza se essas terapias realmente levarão ao desenvolvimento de novos compostos farmacêuticos ou tratamentos", acrescentou o pesquisador.

Entretanto, o mais importante deste trabalho, segundo Torrealba, é justamente a notícia de que a ínsula é provavelmente o local da percepção consciente das necessidades corporais e que, sendo assim, "por meio de intervenções terapêuticas não invasivas na região, poderíamos silenciar uma grande variedade de sintomas de desconforto e diferentes tipos de compulsão".

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