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Veja a variação da temperatura média global anual em °C |
Veja a variação da temperatura média global anual em °C| Foto:
  • Afluente do Rio Amazonas durante período prolongado de seca: fenômenos climáticos mais intensos
  • Geleira Perito Moreno, na Argentina, desaba durante o inverno em 2008: aquecimento reduz o volume de gelo

Quanto custa evitar o aquecimento? Para reduzir emissões e atenuar o aquecimento global, é necessário um investimento maciço em novas tecnologias para gastar menos energia, usar fontes limpas e diminuir o desmatamento. O Banco Mundial estima que são necessários US$ 400 bilhões por ano, por duas décadas, apenas para que países pobres e emergentes façam a transição para a economia sem carbono – outros US$ 75 bilhões seriam necessários para adaptar esses países às mudanças em curso. Hoje, os recursos anuais para esses fins são de US$ 8 bilhões e US$ 1 bilhão, respectivamente. O relatório Stern é um pouco mais abrangente e estima que devam ser investidos 2% do PIB mundial por ano, ou US$ 1,222 trilhão a preços de hoje. É quase o PIB brasileiro, de US$ 1,573 trilhão. Já o pesquisador norte-americano Lester Brown, presidente do Earth Policy Institute, é mais otimista. Calcula que US$ 187 bilhões adicionais (ou seja, além do que já é gasto) por ano, até 2020, seriam suficientes para reduzir as emissões de carbono em 80% – o dinheiro seria gasto em metas sociais, como programas de planejamento familiar, e ambientais, como o plantio de árvores para sequestrar carbono.E se nada for feito?É forte o argumento de que o custo da inação é maior do que a tentativa de conter o processo de mudanças climáticas. Há diversos modelos mostrando que haverá perdas graves com catástrofes naturais, como furacões, redução da produtividade agrícola nas regiões tropicais, gastos maiores com sistemas de saúde, interrupção em sistemas de distribuição de água, extinção de espécies e mortes causadas por desastres. Pesquisadores da Universidade de Tufts, na Grã-Bretanha, projetam um prejuízo acumulado de US$ 74 trilhões até 2100, ou seja, mais do que mundo todo produz em um ano. O Relatório Stern coloca que o custo ficaria entre 5% e 20% do PIB global por ano. A perda de riqueza seria grande e se repetiria ao longo de décadas. No Brasil, o impacto seria de até R$ 3,6 bilhões, segundo estudo divulgado na semana passada. A Terra, além de mais quente, ficaria bastante mais pobre.

O que o Brasil pode fazer?

O levantamento mais recente sobre as emissões brasileiras foi divulgado neste ano pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e mostra que o país emitiu 1,9 bilhão de toneladas de CO2 em 2007. Desse total, 52% têm origem no desmatamento, 25% na agropecuária, 20% no setor de energia, 1,7% na indústria e 1,4% na produção de lixo e esgoto. Dessa forma, o país deve concentrar sua ação na redução do desmatamento, na adoção de técnicas mais eficientes de produção agrícola e nos ganhos de eficiência no uso de energia (o que inclui a indústria). "Como o Brasil ainda tem muito a construir para crescer economicamente, o que aumenta as emissões, ele terá de compensar preservando as florestas", diz Antonio Ocimar Manzi, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Para isso, os especialistas recomendam uma combinação de políticas: regularização fundiária, fortalecimento da fiscalização, incentivos econômicos para a manutenção da floresta e estratégias de desenvolvimento sustentável para quem vive na Amazônia. Na frente energética, é recomendável que o governo dê mais incentivos para a geração de energia limpa, como a eólica e a solar. É o contrário da tendência atual, de aumento na produção de energia termelétrica, que usa gás natural, óleo combustível e carvão – o próprio governo prevê a construção de 81 termelétricas até 2017, o que deve elevar a participação das fontes "sujas" na matriz energética de 10% para 17%. "Pode ser que fique um pouco mais cara a geração limpa, mas é uma mudança necessária", diz Luiz Pinguelli Rosa, que está à frente do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas. Na agropecuária, o país pode aumentar a intensividade da pecuária – ou seja, ter mais bois por hectare de terra – e adotar técnicas que evitem emissões, como o plantio direto e a agricultura orgânica.

O nível do mar vai subir?

O IPCC estima que o nível do mar subiu cerca de 20 centímetros no último século e que o ritmo está se acelerando. O processo, porém, ainda é bastante lento e ocorre por causa de dois fatores principais: expansão do volume da água por causa do aquecimento, e o derretimento do gelo da Antártica, Groenlândia e geleiras. Nos piores cenários, o nível médio do mar subiria mais meio metro até o fim deste século, o que seria suficiente para ameaçar dezenas de ilhas no Oceano Pacífico, como as Ilhas Maldivas, onde a altitude máxima é de 2,3 metros acima do nível do mar. Cidades costeiras tendem a sofrer mais com a invasão da água do mar durante ressacas. Outros problemas são a mudança de correntes marinhas, da salinidade da água e da concentração de gás carbônico, que aumenta sua acidez. Tantas alterações podem acabar rapidamente com estoques de peixes e desencadear uma nova onda de mudanças climáticas – há quem preveja invernos mais rigorosos na Europa por causa das alterações nas correntes marinhas.

Há tecnologias para reverter o efeito estufa?

Existe um campo de pesquisas chamado de geoengenharia que tenta criar soluções para o aquecimento da Terra. Muitas das ideias são de execução complicada e outras têm efeitos ainda pouco estudados. Um grupo de pesquisadores sugere que sejam despejadas toneladas de partículas de sais de ferro nos oceanos para estimular o crescimento de algas que absorvem gás carbônico. Uma ideia mais mirabolante é colocar milhares de espelhos entre a Terra e o Sol para refletir os raios solares e esfriar o planeta. Um dos planos com maior número de adeptos foi proposto pelo cientista Paul Crutzen e prevê o lançamento de balões com partículas de sulfato na atmosfera. O objetivo é imitar os efeitos de uma explosão vulcânica, que libera a substância e tem potencial de reduzir temporariamente a temperatura no globo.

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