Sessões preliminares da Assembleia Geral da ONU homenagearam o ex-presidente do Vietnã Tran Dai Quang e o ex-secretário-geral Kofi Annan, recentemente falecidos| Foto: Evan Schneider/UN Photo

A Assembleia Geral da ONU começa oficialmente nesta terça, com a abertura da sessão pelo presidente brasileiro, Michel Temer. Mas desde esta segunda, diplomatas e líderes internacionais iniciam uma série de negociações e reuniões paralelas ao encontro, que será presidido pela diplomata equatoriana María Fernanda Espinosa. Há mais de dez anos que uma mulher não preside o evento. Ela é a primeira mulher da América Latina e do Caribe a fazê-lo.

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Tradicionalmente, desde 1955, o Brasil abre a sessão. A razão é porque o país foi o primeiro a assinar a Carta de San Francisco, que deu origem às Nações Unidas. E como na maioria dos casos, estará às margens das discussões. 

Cinco temas terão grande força na agenda de debates: a desnuclearização da Península Coreana, a crise na Venezuela, a guerra civil da Síria, o acordo nuclear do Irã e a guerra civil do Iêmen. 

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O futuro da Coreia do Norte 

No ano passado, o presidente americano Donald Trump chamou o ditador norte-coreano Kim Jong-um de “Rocket man” (homem foguete, em inglês) e ameaçou destruir a Coreia do Norte. De lá para cá, muita coisa mudou: os dois se reuniram em Cingapura em 12 de junho e o americano vem elogiando Kim com alguma frequência. 

As negociações sofreram uma interrupção brusca nas últimas semanas. Trump cancelou uma viagem do secretário de Estado, Mike Pompeo, a Pyonyang. Mas agora, Washington quer aproveitar o momento para estreitar laços. 

Pompeo convidou o principal negociador coreano, Ri Yong-ho para uma reunião em Nova York. Segundo a agência de notícias EFE, ela ainda não foi confirmada. 

A crise na Venezuela 

A crise na Venezuela certamente terá muito espaço na agenda da Assembleia Geral da ONU. É praticamente certa a presença do ditador Nicolás Maduro, de acordo com a EFE. 

Várias reuniões paralelas sobre o tema estão programadas. Numa delas, os ministros das Relações Exteriores da Argentina, Colômbia, Chile, Paraguai e Peru deverão discutir sobre o pedido,feito ao Tribunal Penal Internacional para que se inicie uma investigação preliminar sobre crimes contra a humanidade praticados no país. 

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Outra discussão deverá envolver o novo presidente colombiano, Ivan Duque, e o vice-presidente americano, Mike Pence, sobre a questão migratória. Com a violenta crise econômica e social – a inflação deve superar 1.000.000% neste ano e o PIB despencar 18%, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI) -, milhares de venezuelanos fogem todos os dias do país. A principal porta de entrada é a cidade de Cucuta, no Norte da Colômbia. 

Pence e Duque deverão discutir estratégias para tentar buscar soluções para o problema. 

A guerra civil da Síria 

Sobre a Síria, deverá ser discutida a situação do futuro da província de Idlib e o possível fim do conflito.  Uma batalha sangrenta estava se desenhando no noroeste da Síria quando os presidentes russo, Vladimir Putin, e turco, Recep Erdogan, concordaram, na semana passada em criar uma zona desmilitarizada na região, último reduto dos rebeldes contra o governo sírio. Eles definiram uma zona-tampão de cerca de 15 a 20 quilômetros de extensão, a qual será patrulhada pelas forças russas e turcas a partir de 15 de outubro. Armas pesadas e terroristas serão retirados da região, incluindo tanques e sistemas de mísseis, além de canhões de morteiros dos grupos terroristas. 

Observadores internacionais apontaram a falta de garantias de que os milhares de jihadistas e rebeldes obedecerão o acordo bilateral, deixando a área delimitada. 

O acordo nuclear do Irã 

Outro tema que certamente fará parte da agenda é o acordo nuclear iraniano. A relação entre os Estados Unidos e o país asiático piorou muito nos últimos 12 meses. Trump anunciou a retirada do país do acordo e estabeleceu sanções contra o país, que viu a sua situação econômica se deteriorar.  Há uma possibilidade de Donald Trump se encontrar com o presidente iraniano, Hassan Rohwani. O encontro não foi confirmado. 

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Segundo o New York Times, Trump planeja se concentrar no Irã e em sua atividade maligna no Oriente Médio. Diplomatas europeus disseram temer que isso apenas ressalte a falta de união do Ocidente, em geral contrário à decisão de Trump de retirar os Estados Unidos do acordo nuclear com o Irã. 

A escolha do assunto já causou objeções da Rússia, que disse que o foco da reunião deve ser inteiramente o acordo nuclear e a decisão de Trump de se retirar dele, e do Irã, que acusou Trump de abusar de sua liderança no conselho para difamar um único país. 

A resistência não se limita aos estrangeiros. No Departamento de Estado, no Conselho de Segurança Nacional e na missão norte-americana nas Nações Unidas, há dúvidas sobre a capacidade de Trump de conduzir uma discussão sobre um assunto complexo e polêmico com líderes estrangeiros que se opõem ferozmente à maneira como ele lidou com o acordo nuclear. 

A guerra civil no Iêmen 

Outro tema que terá o envolvimento de Hassan Rohwani, presidente do Irã, será a guerra civil no Iêmen, que já dura há mais de três anos. O conflito coloca em oposição os interesses da Arábia Saudita, dos Emirados Árabes Unidos e do Irã na região. Cinco milhões de crianças estão ameaçadas pela fome, segundo a Human Rights Watch, enquanto tropas sauditas tentam tomar o porto de Hodeida, por onde entra três quartos da ajuda humanitária ao país, e cortar a ligação com a capital Sanaa. 

Os campos de refugiados têm se espalhado pelo Sul do país, multiplicando a pressão sobre as agências humanitárias ocidentais. São mais de 2 milhões de pessoas que foram obrigadas a fugir de suas casas.

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