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Deputado do governo fica pensativo ao fim da sessão: partidos rivais disputaram a chamada "Revolução Laranja" em 2004 | Gleb Garanich / Reuters
Deputado do governo fica pensativo ao fim da sessão: partidos rivais disputaram a chamada "Revolução Laranja" em 2004| Foto: Gleb Garanich / Reuters

A coalizão de governo pró-Ocidente da Ucrânia caiu nesta terça-feira (16) e ainda não está claro se os políticos do país conseguirão formar a tempo um novo governo ou se eleições antecipadas serão convocadas.

O governo liderado pela primeira-ministra Yulia Tymoshenko e integrado por partidos leais ao presidente da Ucrânia, Viktor Yushchenko, ficou apenas nove meses no poder.

A coalizão caiu em meio a uma persistente disputa de poder entre Yushchenko e Tymoshenko. Os dois lideraram a chamada "Revolução Laranja", de 2004, mas logo depois tornaram-se rivais políticos.

Tanto Yushchenko quanto Tymoshenko são pró-Ocidente, mas a rivalidade e as trocas de acusações acentuam-se à medida que se aproximam as eleições presidenciais previstas para 2010 no país.

Yushchenko acusou Tymoshenko de "traição" e de tentar estabelecer uma "ditadura" na Ucrânia, com apoio da oposição pró-Moscou. Já Tymoshenko minimizou a crise, chamando-a de uma "tempestade em uma xícara" e disse que não é aliada da Rússia.

De qualquer maneira, a primeira-ministra deverá agora renunciar e tentar formar uma nova coalizão de governo, possivelmente com apoio da oposição pró-russa. Tymoshenko deverá continuar como interina no cargo de premiê até o novo governo ser formado, o que poderá ocorrer em 30 dias. Após essa data, se um governo não for formado, o presidente Yushchenko deverá antecipar as eleições.

A crise política atual começou quando Yushchenko retirou seu partido, o Nossa Ucrânia, da coalizão de governo. Isso aconteceu em 3 de setembro, após Tymoshenko se aliar com a oposição pró-Moscou e ex-comunista para passar uma lei que limita os poderes do presidente.

Recentemente, o presidente acusou a primeira-ministra de agir em favor dos interesses do Kremlin ao não denunciar a invasão da Geórgia pela Rússia. Tymoshenko rebateu dizendo que o apoio declarado de Yushchenko aos georgianos estava arrastando a Ucrânia para o conflito.

A seguir, Tymoshenko aliou-se à oposição pró-Moscou para aprovar a lei que diminuiu o poder do presidente e aumentou o da primeira-ministra. Yushchenko qualificou a atitude como "tentativa de golpe" e tirou seu partido da coalizão.

"Anuncio formalmente o fim da coalizão democrática da Verkhovna Rada", disse perante os deputados o presidente do Parlamento, Arseniy Yatsenyuk, referindo-se ao nome do congresso nacional da Ucrânia.

"Trata-se de mais um desafio democrático, mas tenho a esperança de que juntos superaremos esse desafio", declarou ele.

O Parlamento tem agora 30 dias para formar uma nova coalizão. Caso contrário, será convocada a terceira eleição legislativa em apenas quatro anos.

A disputa política abalou a popularidade do presidente do país.

Uma recente pesquisa de opinião mostra o partido de Tymoshenko à frente na preferência do eleitorado, com 24% das intenções de voto se as eleições fossem realizadas este mês. O principal partido pró-Moscou vem logo atrás, com 23%. O bloco de Yushchenko não chega a 4%.

Analistas prevêem que se uma nova eleição for evitada por meio da formação de um novo governo, talvez a futura coalizão inclua o Partido das Regiões, pró-Moscou, o que tornaria o próximo governo mais amistoso em relação ao Kremlin.

A Ucrânia tem 47 milhões de habitantes e é vista como um país importante na disputa pelo predomínio político e econômico entre a Rússia, União Européia e Estados Unidos no Leste Europeu. O país é essencial para a exportação dos combustíveis russos à Europa Ocidental e é cortado por três gasodutos, dois dos quais levam o gás natural russo através da Eslováquia até a Áustria e um terceiro através da Romênia e Bulgária até Istambul.

Nesta terça-feira (16), Yushchenko disse que não aceitará "interferências externas" na Ucrânia, em referência velada à Rússia. "A democracia ucraniana não desistirá. Não aceitaremos nenhum cenário imposto de fora", afirmou. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.

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