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Imagem da agência espacial europeia (ESA), montada artificialmente com computador, simula a quantidade de lixo espacial na órbita terrestre | ESA
Imagem da agência espacial europeia (ESA), montada artificialmente com computador, simula a quantidade de lixo espacial na órbita terrestre| Foto: ESA

Especialistas discutem soluções em congresso na Áustria

Com a recente colisão envolvendo um satélite ainda fresca nas mentes, os participantes de um encontro da última semana na capital austríaca, Viena, discutiram formas de lidar com os resíduos espaciais.

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  • Veja como acontecem as colisões entre satélites artificiais

Pela primeira vez na história, dois satélites colidiram no espaço, no último dia 10 de fevereiro. Um equipamento privado de comunicação americano bateu contra um satélite russo já desabilitado. O evento gerou uma quantidade de lixo espacial suficiente para ameaçar outros objetos em órbita durante os próximos 10 mil anos.

Com a cada vez maior dependência da economia mundial dos serviços prestados por satélites, a tendência é que o número de objetos viajando em torno da Terra só aumente. Hoje, estima-se que cerca de 20 mil estão em órbita, dos quais apenas mil em funcionamento. O resto é lixo espacial.

Apesar de haver certas normas adotadas pelos países para a convivência sem risco de seus satélites, o espaço é, na prática, uma "terra sem lei". Qualquer país que consiga pode montar hoje uma base na Lua, por exemplo, e declarar a área como sua. Vale a regra de quem chegou primeiro. Da mesma forma, não existe qualquer tipo de punição contra os governos que, ao fim da vida útil de um satélite, deixam de acompanhá-lo.

"Hoje, interessa a todos os países evitar colisões. O prejuízo menos grave é a própria destruição do objeto. O grande problema é que cada pedaço resultante da colisão se torna um perigo em potencial para todos os outros satélites. É uma espécie de reação em cadeia, cada evento desse gera novas partículas que podem provocar novos incidentes", afirma o ex-pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Aydano Carleial.

À medida que cresce o interesse por um lugar no espaço, fica mais difícil contar apenas com boa vontade dos países para cooperarem. Especialistas concordam que regras devem ser criadas (leia box). Imagine, por exemplo, que os dois satélites que se chocaram fossem de propriedade da Índia e do Paquistão, países em tensão desde os atentados terroristas em Mumbai e ambos com capacidade de desenvolvimento de satélites para fins militares. É fácil concluir que um acidente a 800 km de altura pode resultar em problemas aqui embaixo.

Mike Moore, pesquisador do Independent Institute, nos EUA, e especialista em armas espaciais, prevê um cenário ainda mais sombrio, em artigo publicado no site da revista Foreign Policy.

"Em um momento de tensão, alguém toma a iniciativa de destruir um satélite militar espião em uma órbita terrestre baixa, criando milhares de pedaços de cacos e metal. O sistema para rastrear lixo espacial fica sobrecarregado, e a órbita terrestre baixa tão cheia de metais que novos satélites não podem ser lançados com segurança. Satélites já em órbita 'morrem' de velhice ou são destruídos por colisões com algum pedaço de lixo. A economia global, que é fortemente dependente de uma variedade de bens no espaço, entra em colapso. Os países do mundo voltam ao estilo de vida dos anos 1950, mas existem bilhões de pessoas a mais no planeta do que em 1950. Essa é uma receita para desnutrição, fome e guerras."

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