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O presidente da Câmara dos Comuns (deputados) do Parlamento britânico, Michael Martin, pediu desculpas ao país nessa segunda-feira (18) por causa do escândalo provocado por gastos injustificáveis de parlamentares, o que gera crescentes apelos pela antecipação das eleições gerais.

"Por favor, permitam-me dizer aos homens e mulheres do Reino Unido que de fato os decepcionamos fortemente", disse Martin em discurso ao plenário lotado.

Ignorando os apelos para que renuncie devido à forma como conduziu o caso, Martin disse que vai se reunir nos próximos dois dias com dirigentes partidários para discutir reformas no sistema que permitiu aos políticos usarem verbas públicas para pagarem coisas como tampas de banheiras, biscoitos, ração para gatos e consertos em quadras de tênis.

"Devemos todos aceitar a culpa, e na medida em que contribuí com a situação, lamento profundamente", disse Martin, usando a túnica negra que identifica o presidente da Casa.

Forçar a demissão de Martin seria um fato constitucional histórico, equivalente a abdicação de um monarca ou ao impeachment de um presidente, de acordo com John Curtice, professor de Política da Universidade Strathclyde, da Escócia.

"Há uma reverência a respeito do cargo (...), uma espécie de mitologia", afirmou. "É o equivalente a uma crise de abdicação. Não há dúvida de que estamos num turbilhão. Vamos nos lembrar disso."

O deputado conservador Patrick Cormack comparou a situação à crise que levou à renúncia do primeiro-ministro Neville Chamberlain, em 1940, durante a Segunda Guerra Mundial.

"O que está em jogo é a instituição do Parlamento e sua integridade", disse Cormack à Câmara após o discurso de Martin.

Brown Antes, o primeiro-ministro Gordon Brown defendera uma reforma "das raízes e dos galhos" - ou seja, integral - para contornar um escândalo que afetou todos os partidos, mas parece prejudicar especialmente o seu Trabalhista, no poder há 12 anos.

O líder conservador David Cameron, bem colocado nas pesquisas para ser o próximo premiê, disse que os britânicos deveriam se mobilizar pela antecipação da eleição, e que a saída de Martin não seria suficiente para conter a crise.

Martin, ex-metalúrgico e sindicalista criado numa região operária da Escócia, bloqueou um debate sobre seu futuro no Parlamento.

O último presidente da Câmara a ter sido destituído foi John Trevor, por corrupção, em 1695. A cassação ou renúncia de Martin levaria a uma eleição suplementar no seu distrito, em Glasgow, e aprofundaria a pressão por uma eleição nacional.

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