Explosão em um distrito da cidade síria de Aleppo, causada por um bombardeio das forças do governo de Bashar Assad, segundo informações de ativistas| Foto: Hosam Katan/Reuters

Reação

Rússia e Irã criticam saída de Teerã das negociações de paz

A Rússia e o Irã criticaram a decisão do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, de retirar o convite para que Teerã participasse da conferência de paz para a Síria.

Um convite de última hora feito pela ONU para que o Irã participasse da chamada conferência de Genebra colocou em risco a realização da reunião, o que forçou Ban a retirar sua oferta na noite de segunda-feira, sob intensa pressão norte-americana, depois de a oposição síria ter ameaçado boicotar o encontro.

Assim que Ban retirou o convite, o grupo opositor Coalizão Nacional Síria disse que participaria da conferência para negociar o fim do conflito, que está em seu terceiro ano, deixou mais de 130 mil mortos e milhões de desalojados.

Segundo a oposição, o encontro vai buscar o estabelecimento de um governo de transição com poderes executivos "do qual assassinos e criminosos não participarão".

Agência Estado

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Desafios

Os objetivos da conferência de paz para a Síria

• Desesperançados

Apesar da participação em Genebra 2 implicar a aceitação comum que sua finalidade é a constituição de um órgão de governo transitório com todos os poderes executivos, incluído sobre as forças policiais e militares, quem está envolvido de perto no processo diplomático preliminar mostra pouca esperança que isso seja alcançado.

• Humanitário

Analistas e diplomatas ressaltam que a única coisa que pode se esperar desta primeira rodada de negociações é um acordo em favor do acesso humanitário à população afetada pelo conflito, principalmente nas áreas sitiadas.

• Prisioneiros

Outro aspecto em que pode haver um resultado concreto tem a ver com a libertação e troca de prisioneiros, uma possibilidade sobre a qual Assad se pronunciou a favor recentemente.

• Difícil

A entrega do poder pelo presidente sírio, cuja família dirige o destino da Síria há mais de 40 anos, como exige a oposição, parece por enquanto um objetivo muito difícil de se conseguir.

Interatividade

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Hotel Montreux Palace servirá de sede para a primeira etapa da conferência
Secretário geral Ban Ki-moon, das Nações Unidas, chega a Genebra, na Suíça

Após inumeráveis avanços e retrocessos no terreno diplomático, e tendo como plano de fundo uma guerra civil que piora a cada dia, começa hoje em Montreux, na Suíça, a conferência de paz para a Síria, também chamada de Genebra 2. Depois dos diálogos preliminares em Montreux, a negociação direta entre o governo e a oposição sírios começará na sexta-feira, em Genebra.

As dúvidas sobre sua realização persistiram até ontem à tarde, a menos de 24 horas da abertura, por causa da crise causada pelo convite feito pela Organização das Nações Unidas (ONU) ao Irã para que participasse da conferência, o que provocou uma reação negativa dos Estados Unidos e levou a oposição a ameaçar não comparecer a Montreux.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, teve de se retratar e retirar o convite ao governo iraniano, decisão que foi acompanhada horas depois pelo anúncio da oposição síria da composição de sua delegação.

Pela primeira vez, o governo de Bashar Assad aceita participar do processo com a oposição, concedendo a ela o status de interlocutora política legítima e abrindo a porta para uma possível solução ao conflito.

As delegações dos 39 países convidados, entre eles Espanha e México, começaram a chegar ontem ao hotel Montreux Palace, onde a conferência será realizada e parte dos convidados ficará hospedada.

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O evento começará com um discurso do presidente da Suíça, país anfitrião, Didier Burkhalter, seguido de Ban Ki-moon e dos chefes da política externa dos Estados Unidos (John Kerry) e da Rússia (Sergei Lavrov).

Em seguida tomarão a palavra os representantes sírios: o ministro das Relações Exteriores, Walid Muallem, e o principal dirigente da aliança de oposição, conhecida como Coalizão Nacional Síria, Ahmed Yarba.

Relatório denuncia mortes de detentos

Agência Estado

Três promotores que atuaram em tribunais especiais internacionais entregaram um relatório de 31 páginas à ONU mostrando o "assassinato sistemático" de cerca de 11 mil pessoas detidas pelo governo da Síria. As informações foram divulgadas pelo jornal britânico The Guardian.

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Os autores do documento, Desmond de Silva, ex-promotor do tribunal especial para Serra Leoa; Geoffrey Nice, ex-promotor chefe da acusação a Slobodan Milosevic no Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia, e o professor David Crane, que processou o presidente Charles Taylor, da Libéria, em tribunal de Serra Leoa, examinaram milhares de fotografias e arquivos de detentos que estiveram sob custódia do regime de Bashar Assad entre março de 2011 e agosto de 2013.

As evidências foram apresentadas por um policial que trabalhava secretamente com um grupo da oposição síria, mas que acabou por desertar e deixar o país. Ele trabalhava como fotógrafo da polícia militar síria e entregou pendrives com as imagens para um contador do Movimento Nacional Sírio, grupo que é apoiado pelo Catar, país que quer a queda de Assad.

Os três advogados conversaram com a fonte, que por razões de segurança foi identificada apenas como Caesar, analisaram as provas e consideraram os documentos dignos de confiança.