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São poucos os refugiados palestinos que querem voltar às terras que perderam na guerra de 1948, que criou Israel, mas eles exigem que o Estado judaico admita que eles têm o direito de fazê-lo, disse Karen Koning Abu Zayd, comissária da agência da ONU que atende os refugiados palestinos, a UNRWA, em declarações publicadas nesta terça-feira.

O "direito de retorno" dos refugiados e de milhões de seus descendentes é uma exigência fundamental dos palestinos. Israel afirma que aceitar tal afluxo de refugiados destruiria seu caráter judaico, além de criar um "suicídio demográfico".

"Qualquer solução para essa questão tem de ser aceitável para ambos os lados", disse ela ao NRG, o site do jornal israelense Maariv.

"Mas estou realmente convencida de que a maioria das pessoas não quer voltar. Talvez haja alguns que sonhem em voltar para suas casas, mas não mais que esses", disse AbuZayd, que assumiu o comando da agência em junho.

"A maioria dos refugiados nem pensa nisso. O direito de voltar a suas casas é muito mais importante para eles que o fato de realmente voltar", afirmou ela. A entrevista foi publicada em hebraico.

A Autoridade Palestina, que governa os palestinos que vivem na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, afirmou que a questão dos refugiados é um dos assuntos que têm de ser resolvidos em negociações de paz com Israel, e de acordo com as leis internacionais.

- Refugiados, Jerusalém, fronteiras, assentamentos judaicos e água são questões reservadas ao status final entre os dois lados, e nada deve prever ou prejulgar o resultado das negociações finais antes que elas comecem - disse o negociador-chefe palestino, Saeb Erekat.

Perguntado sobre a entrevista, um assessor de AbuZayd confirmou as declarações, mas esclareceu: "A posição da UNRWA nessa questão é clara e nunca mudou: os refugiados devem ter o direito de escolher."

O Hamas, grupo extremista que liderou a revolta palestina, reagiu com irritação às declarações.

"Exigimos que a sra. AbuZayd pare de dar entrevistas sobre esse assunto, porque o papel delaservir aos refugiados palestinos e não cancelar o direito político deles de voltar à terra de onde foram desalojados", disse Sami Abu Zuhri, porta-voz do grupo, que trabalha declaradamente pela destruição de Israel.

A ONU fez a partilha da entao Palestina, dominada pela Grã-Bretanha, em 1947. Israel declarou sua independência no ano seguinte, e foi atacado por vários países árabes.

Cerca de 700 mil árabes palestinos fugiram ou foram expulsos de suas casas por forças judaicas. Contando os descendentes, os refugiados chegam hoje a 4 milhões. Muitos vivem em acampamentos espalhados pelo Oriente Médio.

Perguntado sobre as afirmações da comissária, um porta-voz do governo israelense disse que elas refletem um consenso internacional e repetiu o apelo de Erekat para que o destino dos refugiados seja decidido em negociações.

- Quando chegarmos às discussões sobre o status final, Israel está comprometido em discutir a questão dos refugiados - disse Mark Regev, do Ministério das Relações Exteriores.

- Acho que todo mundo na comunidade internacional compreende que o chamado direito de retorno se opoe diametralmente aos princípios da solução com dois Estados - afirmou.

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