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Presidente dos EUA Donald Trump em frente a uma imagem de um selo adulterado para incluir elementos russos
Presidente dos EUA Donald Trump em frente a uma imagem de um selo adulterado para incluir elementos russos| Foto: NICHOLAS KAMM/AFP

À primeira vista, não havia nada incomum sobre a apresentação do presidente Donald Trump na terça-feira (23) na cúpula de estudantes do Turning Point EUA. De muitas maneiras, ela refletia o estilo de produção que se tornou sinônimo dos comícios de campanha de Trump.

Após um vídeo de 12 minutos ilustrando a ascensão de Trump à presidência, a música tocou enquanto o nome do presidente aparecia em uma tela gigante em um tom ousado de vermelho. Trump subiu ao palco e arrancou aplausos estridentes de centenas de jovens apoiadores que lotavam o hotel Marriott Marquis, em Washington.

Charlie Kirk, o fundador e diretor executivo da Turning Point, estava à sua esquerda. Mas a imagem na tela à direita de Trump - capturada em dezenas de fotos e vídeos do evento - era menos familiar.

A imagem quase lembra o selo oficial do presidente, mas um exame mais detalhado revela alterações que parecem zombar da tendência do presidente em relação ao golfe e as acusações de que ele tem laços com a Rússia. Nem a Casa Branca nem o Turning Point sabem como ela chegou lá ou quem a criou. Na manhã de quinta-feira, no entanto, o grupo conservador anunciou que demitiu o membro de sua equipe de vídeo responsável por exibir o selo falso.

"Nós o demitimos", disse um porta-voz do Turning Point ao Washington Post. "Não acho que tenha sido uma intenção maliciosa, mas mesmo assim".

O porta-voz considerou o erro "inaceitável" e disse que foi o resultado de uma busca online apressada para encontrar uma imagem do selo presidencial a ser exibido atrás de Trump.

A águia de duas cabeças

A águia tem duas cabeças em vez de uma - um símbolo historicamente ligado ao império e ao domínio. Assemelha-se muito ao pássaro no brasão da Rússia durante séculos e aparece com destaque nas camisas do time de hóquei nacional da Rússia. A águia de duas cabeças também aparece nas bandeiras da Sérvia, Albânia e Montenegro e na parte inferior do logotipo da Turnberry, o resort de luxo e campo de golfe de Trump, na Escócia.

As garras da águia, em vez de segurar 13 flechas como no selo oficial, parecem agarrar um conjunto de tacos de golfe, provavelmente um tributo ao hábito de Trump de jogar golfe. O Post relatou anteriormente que até outubro do ano passado, o presidente visitou seu campo de golfe na Virgínia mais de 40 vezes.

Um leitor do Post observou que um site de mercadorias anuncia o que parece ser o mesmo selo falso. Nessas imagens, as palavras no estandarte da paródia da águia dizem "45 es un títere", que em espanhol se traduz como "45 é um fantoche". Sobre o selo presidencial oficial, a boca da águia segura uma faixa com o lema dos EUA, "E pluribus unum" - de muitos, um. O selo falso na mercadoria da loja mostra a águia segurando dinheiro na garra direita.

O Post entrou em contato com as contas do Twitter e do Facebook associadas ao varejista da Web, "OneTermDonnie", mas não recebeu uma resposta.

Um estatuto do Congresso indica que o selo presidencial não pode ser usado para sugerir falsamente patrocínio ou aprovação do governo dos EUA, mas especialistas legais dizem que as paródias do selo estão protegidas pelo direito de livre expressão da Primeira Emenda.

Uma projeção do verdadeiro selo presidencial estava centrada atrás do nome de Trump quando ele entrou no palco. O verdadeiro selo também estava no púlpito, onde o presidente falou por 80 minutos.

"Descuido"

Richard Painter, que foi o principal advogado de ética da Casa Branca para o presidente George W. Bush de 2005 a 2007, disse que a equipe do presidente deve ter conhecimento e comando avançados sobre imagens e vídeos exibidos em eventos em que o presidente aparece.

Ele chamou o incidente de "descuido".

"Você deve ter controle sobre o que o grupo privado está fazendo, o que está colocando na tela e qualquer outra coisa", disse Painter, agora professor de direito na Universidade de Minnesota. "Permitir que alguém projete algo na tela que não seja controlado pela Casa Branca é muito estúpido".

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