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Criança é vacinada nos EUA, onde a aplicação foi liberada para toda a população | Justin Sullivan/ AFP
Criança é vacinada nos EUA, onde a aplicação foi liberada para toda a população| Foto: Justin Sullivan/ AFP

Prevenção

Ao viajar, é preciso adotar certos cuidados

O Departamento de Saúde do governo dos Estados Unidos oferece na internet informações sobre controle epidemiológico em todo o mundo. No site Traveler’s Health (www.nc.cdc.gov/travel), em inglês, é possível consultar as condições de saúde em mais de 200 destinos e saber quais cuidados devem ser tomados ao viajar para determinada localidade.

Quem retornar de regiões com alta incidência de gripe suína e começar a apresentar sintomas da doença, deve procurar assistência médica imediatamente, na unidade de saúde mais próxima, e informar o histórico da viagem ao médico.

Máscaras

Ao visitar outros países, os cuidados redobrados com a higiene devem continuar. Em áreas de grande risco, o uso de máscaras descartáveis segue sendo a principal recomendação.

Para se precaver de uma nova onda de gripe suína, países do Hemisfério Norte iniciaram no último trimestre do ano passado uma compra massiva de vacinas contra o vírus H1N1. O principal temor era que a chegada do in­­ver­­no – em dezembro – causas­­se uma nova leva de vítimas e transtornos. Chegando agora ao período mais rigoroso da estação, esses países enfrentam dois problemas controversos: a pouca adesão da população, desmotivada pelas notícias de baixa letalidade do vírus; e os grandes estoques ociosos, que provocam desgaste político.

O bate-cabeça do governo francês é ilustrativo. Na semana passada, partidos da oposição pediram a abertura de uma in­­vestigação para apurar as compras excessivas de vacina. A Fran­­ça, um país com 63 milhões de habitantes, havia encomendado 94 milhões de doses, a um custo total de US$ 1,25 bilhão. O volume da compra representa 10% do estoque mundial.

Segundo o governo francês, a compra foi embasada em análises iniciais que afirmavam ser necessário duas doses por pessoa. Estudos posteriores apontaram o erro. Além disso, a diminuição no relato de casos fatais desmotivou a população francesa a enfrentar as baixas temperaturas em busca de imunização. Até a semana passada, 5 milhões de pessoas haviam se vacinado. Para evitar acúmulo de estoque e desperdício do remédio, a Fran­­ça cancelou o pedido de 50 mi­­lhões de doses que ainda não ha­­viam sido entregues.

O mesmo roteiro se repete em outros países da Europa, e também nos Estados Unidos. Na Es­­panha, o ministério da saúde di­­vulgou a informação de que está conversando com os laboratórios para devolver a medicação não utilizada. O pequeno grão-ducado de Luxemburgo, que tem uma população de 450 mil habitantes, encomendou 700 mil do­­ses. Após a campanha de vacinação estacionar em 50 mil pessoas, o país pretende doar o excedente a outras nações, pois o contrato firmado com as indústrias farmacêuticas não permite a devolução.

Liberação

Os Estados Unidos, com o estoque atual de 100 milhões de doses, cancelaram a restrição da aplicação aos grupos de risco (grávidas, jovens) e autorizaram a distribuição geral. Mesmo assim, a per­­­­cepção de que o surto de gripe A está diminuindo afastou os re­­ceptores, e levou a Casa Branca a destinar 10% do estoque para doação.

A Alemanha cancelou metade do seu pedido de 50 milhões de doses. O governo acredita que 25 milhões de doses são o suficiente para proteger os seus 80 milhões de habitantes, dos quais 6 milhões já foram vacinados. No país também há baixa procura por imunização.

Outros cuidados

Na avaliação de Enrique Gil, re­­presentante em exercício da Orga­­nização Pan-Americana de Saú­­de no Brasil (braço da Organi­­za­­ção Mundial da Saúde, OMS), uma campanha de vacinação global precisa estar atrelada a outros cuidados. "A população deve continuar reforçando os há­­bitos de higiene pessoal e, caso apresente sintomas da doença, permanecendo distante do contato público e procurar ajuda mé­­dica. E os governos devem preparar seus sistemas de saúde para re­­ceber os pacientes. Somente um trabalho integrado entre po­­pulação, serviços de saúde e go­­verno pode deter a gripe suína", ressalta.

Para evitar o conflito moral que a geopolítica da vacina pode causar, a OMS iniciou um programa global de relocação do estoque mundial do medicamen­­to contra a gripe suína. O estoque, doado pelas nações mais ricas, deverá ser repassado a 95 países, que serão beneficiados de acordo com o risco em relação a uma nova pandemia.

Beneficiados

Os primeiros destinatários serão países pobres do He­­misfério Nor­­te, por estarem atualmente no "grupo de risco" do inverno. Afeganistão, Azer­­bai­­jão e Mongólia estão no topo da lista, e a es­­timativa da OMS é que estes países possam contar com a ajuda até o fim desta semana.

Enrique Gil acredita que o órgão in­­ter­­na­­cional precisará vencer alguns obstáculos para ser bem-su­­cedido na distribuição das va­­cinas. "É uma corrida contra o tempo. A produção atual não é suficiente para co­­brir toda a população mundial. Além disso, os países que vão receber grandes quantidades da vacina precisam ter certeza de que terão ca­­pa­­cidade de armazenamento em refrigeradores", prevê.

Brasil

O Brasil prescinde da ajuda in­­ternacional. Na se­­mana passada, o governo anunciou a compra de 83 mi­­lhões de doses, ao custo de R$ 1 bilhão. Se o cenário europeu se repetir no inverno brasileiro, a quantidade adquirida de­­­­verá ser o suficiente para atender toda a demanda. "O Hemis­­fério Norte está saindo da segunda onda de gripe A e os países do Hemisfério Sul, como o Brasil, precisam se preparar com antecedência para o mesmo, no in­­verno deste ano", afirma Gil.

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