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Kinshasa – Nas primeiras eleições gerais em 46 anos, a República Democrática do Congo (ex-Zaire) quer hoje mais do que fazer valer o seu nome ao permitir o direito de voto a 25,6 milhões de pessoas: pretende dar um passo mais firme no processo de reconstrução do país, após décadas de instabilidade social e o trágico período entre 1998 e 2003, em que 4 milhões de pessoas morreram devido a violência, fome e doenças.

Reservas de ouro, diamante e cobalto formam a maior parte da riqueza do país centro-africano, chamado de "o coração das trevas’’ pelo escritor Joseph Conrad, mas também são origem de muitos de seus problemas. No vasto território de 2,3 milhões de km quadrados, divididos em quatro regiões autônomas, esses recursos são alvo de disputas entre grupos rebeldes num conflito que também envolve os apoios e os interesses de Ruanda e Uganda, principalmente, além de Angola, Namíbia e Zimbábue.

O Congo foi uma colônia da Bélgica até 1960, quando, depois do assassinato do líder da independência Patrice Lumumba, assumiu Mobutu Sese Seko, coronel-ditador que mudou o nome do país para Zaire e controlou-o com mãos de ferro até 1997, quando seu regime foi deposto por Laurent Kabila. A chegada do novo governante trouxe mais turbulência interna e culminou com o assassinato de Kabila em 2001. Seu filho, Joseph, sucedeu-o aos 29 anos de idade e conseguiu uma paz de relativo sucesso com as milícias armadas – hoje quatro vice-presidentes representam as forças que disputam o poder congolês; três milícias governam os territórios autônomos. Esse acordo possibilitou um referendo constitucional no ano passado e a realização das eleições presidencial e parlamentar deste domingo.

Apesar de os anos mais sangrentos das disputas internas terem passado, a campanha eleitoral registrou diversos assassinatos, como o de quatro pessoas na semana passada no norte congolês, e linchamentos.

O Congo enfrenta altas taxas de mortalidade infantil, baixa expectativa de vida e doenças como aids e outras relacionadas à falta de saneamento básico. A fragilidade na segurança é percebida pela permanência dos cerca de 17,5 mil capacetes azuis das Nações Unidas no país.

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