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A vice-presidente geral das Nações Unidas, Amina Mohammed, defendeu, na COP27, mais recursos para compensações pelas perdas provocadas pelas mudanças climáticas.
A vice-presidente geral das Nações Unidas, Amina Mohammed, defendeu, na COP27, mais recursos para compensações pelas perdas provocadas pelas mudanças climáticas.| Foto: Daniel Gonzalez/EFE

A 27.ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP27), que acontece no Egito, chegou à metade de seu caminho sem que os países ricos tenham enviado uma mensagem clara aos países em desenvolvimento sobre sua posição em relação ao debate sobre a compensação das perdas e danos causados ​​em seus territórios pelos efeitos da mudança climática.

A chamada fase "técnica" da cúpula começou em 6 de novembro com a inclusão – pela primeira vez na agenda de uma cúpula climática da ONU – de um ponto para decidir como financiar a indenização aos países mais pobres por danos decorrentes da mudança climática, causados principalmente pelas emissões dos países mais ricos.

A principal divergência está em decidir por qual instrumento canalizar essas compensações: um instrumento específico recém-criado vinculado à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) ou por meio de mecanismos existentes.

Países pobres querem fundo específico para perdas e danos

Os países em desenvolvimento pressionam pela criação de um fundo específico para ter mais garantias de que haverá dinheiro destinado especificamente para perdas e danos, enquanto o outro lado defende o uso de instrumentos existentes, como o Fundo Verde do Clima ou o Fundo de Adaptação (ambos sob a égide da UNFCCC).

O argumento que defendem é ganhar agilidade, já que montar um fundo com essas características levaria anos.

Alguns países também argumentam que o debate sobre perdas e danos transcende a UNFCCC porque abrange outros aspectos, como migração ou ajuda humanitária, que afetam outras convenções-quadro da ONU.

Aceitar esse argumento abriria a porta para que as indenizações recaíssem em organizações como o Fundo Monetário Internacional (FMI), que concede empréstimos que geram dívidas, possibilidade rejeitada pelos países do Sul Global, que exigem ajudas diretas.

Fase política da conferência começa nesta segunda-feira

Com este debate aberto, começa nesta segunda-feira (14) a parte "ministerial" ou "política" sem que haja, por enquanto, nenhum documento técnico relacionado a perdas e danos sobre o qual as delegações possam começar a negociar os pontos e vírgulas do que será o acordo final da COP27, segundo explicaram à EFE fontes próximas dos negociadores.

"Esses dois grupos de países estão próximos de se entender, mas eles pararam o debate até que os políticos cheguem para ver que pontes, que tipo de propostas podem ser feitas para nos aproximar de uma solução", declarou o chefe da delegação da União Europeia (UE) nas negociações da COP27, Jacob Werksman.

O enviado especial dos Estados Unidos para o Clima, John Kerry, assegurou que seu país defende que a indenização por danos causados ​​por desastres climáticos seja dada no âmbito de veículos de financiamento já existentes e que trabalhem intensamente para chegar a um acordo.

As contribuições para fundos patrocinados pela ONU são voluntárias e o orçamento para perdas e danos pode ser usado para financiar, por exemplo, a reconstrução de áreas que podem ser devastadas por desastres naturais associados às mudanças climáticas, como enchentes, ou a criação de sistemas de alerta para evitá-los.

Mitigação, financiamento e adaptação

No que diz respeito à mitigação (redução de emissões), o debate está centrado em especificar o grau de cumprimento dos compromissos atuais, que tudo indica que ficarão pendentes para o próximo ano, bem como decidir a duração do programa de revisão dos objetivos que são fixados por períodos de dez anos.

No financiamento, a discussão gira em torno do compromisso de dotar o Fundo Verde do Clima com US$ 100 bilhões, objetivo que se espera alcançar em 2023, uma década depois do esperado, e sobre quanto elevar a meta para 2025 (fala-se em US$ 130 bilhões).

Além disso, as organizações ambientais e os países mais vulneráveis ​​estão pressionando para garantir de alguma forma que 50% desse fundo vá para mitigação (descarbonização) e os outros 50% para adaptação (resiliência às mudanças climáticas).

As delegações também devem elaborar o roteiro para cumprir o roteiro traçado em Glasgow (COP26), que pede aos países desenvolvidos que dobrem as contribuições para o Fundo de Adaptação em 2025 em relação a 2019.

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