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A Coreia do Norte ameaçou nesta sexta-feira atacar novamente a Coreia do Sul, dessa vez com mais força do que o bombardeio que deixou quatro mortos no mês passado, se o governo de Seul realizar um exercício militar programado para uma ilha disputada pelos dois países.

O anúncio sobre o ataque foi divulgado pela agência oficial norte-coreana, a KCNA, num momento em que a Coreia do Sul se prepara para realizar - pela primeira vez desde que os dois países trocaram tiros em novembro - exercícios com munição real na ilha de Yeonpyeong, perto de uma área fronteiriça disputada.

"O ataque vai ser mais sério do que o de 23 de novembro, em termos de força e alcance do ataque", disse a KCNA.

Um importante analista de defesa sul-coreano disse que duvida que o Norte concretize sua ameaça, que abalou os mercados financeiros, e o Ministério da Defesa sul-coreano disse que o exercício planejado para 18-21 de dezembro seguirá adiante.

A Coreia do Norte tinha dito anteriormente que o ataque de artilharia que lançou em novembro foi uma resposta a 'provocações' sul-coreanas, depois de uma bateria de artilharia na ilha ter disparado, no que Seul afirmou ter sido um exercício de rotina.

O aviso norte-coreano chegou depois de Seul ter prometido uma resposta mais forte a quaisquer outros ataques contra seu território. Os disparos feitos contra a ilha foram a primeira vez em que o Norte atacou território sul-coreano desde a Guerra da Coreia.

'Se eles fizerem isso (atacarem novamente), estarão iniciando uma guerra total', disse Baek Seung-joo, do Instituto Coreano de Análises de Defesa, especializado na estratégia militar da Coreia do Norte.

'O que é provável é que façam algo que sirva para resguardar seu orgulho, como disparar a artilharia deles perto das águas disputadas (pelas duas Coreias)', ele falou.

A moeda coreana, o won, teve uma queda ligeira em relação ao dólar, e pouco depois de a notícia ser divulgada a relação entre o dólar mensal e o won subiu de 1,155 para 1,159.

Pedido da China

A China, principal aliada da Coreia do Norte, disse que Pyongyang prometeu agir com prudência. A ameaça de um novo ataque do Norte chegou no momento em que a China dizia ao vice-secretário de Estado dos EUA James Steinberg, em visita ao país, que as duas grandes potências precisam cooperar mais para desativar a tensão na península coreana.

Ela aconteceu também quando o enviado diplomático dos EUA Bill Richardson visitava Pyongyang em um esforço 'para reduzir a tensão na península coreana'.

A agência de notícias estatal chinesa Xinhua divulgou na sexta-feira que o diplomata chefe da China, Dai Bingguo, na reunião com Steinberg, o segundo funcionário mais sênior do Departamento de Estado dos EUA, pediu uma coordenação mais estreita entre os dois países com relação à península coreana.

Steinberg esteve em Pequim por três dias, até sexta-feira, para pressionar a China a frear a Coreia do Norte, que, além de disparar contra a ilha no mês passado, também revelou avanços no enriquecimento de urânio que podem lhe abrir um caminho novo para a produção de armas nucleares.

A China vem evitando condenar publicamente sua aliada de longa data pelos disparos de artilharia e o programa nuclear, e, em vez disso, pediu às outras potências que aceitem iniciar novas negociações com a Coreia do Norte.

A Rússia convocou os embaixadores da Coreia do Sul e dos Estados Unidos para expressar sua 'preocupação extrema' e exortou os dois países a interromper o exercício militar, para evitar 'uma escalada maior das tensões', nas palavras do Ministério do Exterior russo.

A ameaça de novo ataque da Coreia do Norte foi feita no momento em que o país quer reiniciar as negociações nucleares com Estados Unidos, China, Coreia do Sul, Japão e Rússia.

O país quer que as negociações sejam retomadas sem condições prévias, o que Washington e Coreia do Sul rejeitaram porque não querem premiar Pyongyang por ações hostis.

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