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Para defender a situação dos direitos humanos no país, a Coreia do Norte divulgou nesta terça-feira (28) um vídeo que mostra o pai de Shin Dong-hyuk, famoso por ser o único prisioneiro de um campo de trabalho de segurança máxima que conseguiu sair e contar sua história.

O regime postou em um de seus canais oficiais do YouTube o vídeo "Mentira e verdade", em diz que Shin - que escapou da Coreia do Norte em 2005 - é um criminoso que inventou sua história para servir aos interesses "dos Estados Unidos" e "das forças hostis".

Um suposto trabalhador de uma mina afirma no vídeo que Shin era "desempregado" e cometeu diversos roubos, enquanto uma agricultora relata que ele violou sua filha de 13 anos em 2001.

O pai de Shin, que aparece no final do vídeo vestido com um moletom velho, pede que ele retorne e que deixe de ser "um brinquedo para os outros", em referência aos que utilizam sua história de vida para denunciar a situação dos direitos humanos na Coreia do Norte.

Shin Dong-hyuk diz ter vivido desde seu nascimento, em 1983, até escapar, em 2005, no campo de detenção número 14 de Kaechon, um dos "campos da morte" para prisioneiros políticos e sem possibilidade de libertação, onde estavam presos seus pais e outras 15 mil pessoas.

Sua história, relatada no livro "Fuga do campo 14", o tornou muito conhecido por ser a única pessoa que conseguiu escapar de uma das "zonas de controle total", cuja existência é documentada pela ONU com base em vários testemunhos de refugiados políticos e imagens de satélites.

Hoje ativista de direitos humanos e residente na Coreia do Sul, o norte-coreano explicou à Agência Efe na semana passada, na capital Seul, que sabe que o regime da Coreia do Norte sempre vai negar tanto sua história como a existência dos campos e ressaltou que seu realato é "autêntico" e que nunca "exagerou ou mudou nada".

Shin ficou "em estado de choque" após ver o vídeo do pai, que não via há mais de sete anos, comentou Ahn Myeong-chul, ex-guarda norte-coreano de um dos campos de trabalho também refugiado em Seul e que mantém contato com o ex-prisioneiro.

Ahn disse à Efe que a divulgação do vídeo reflete que a "Coreia do Norte parece temer bastante" a resolução que a União Europeia prepara junto ao Japão para que a Assembleia Geral da ONU remeta os abusos de Pyongyang ao Tribunal Penal Internacional (TPI).

A Comissão de Investigação da ONU para a Coreia do Norte publicou em março um amplo e detalhado relatório que acusa o regime de praticar "crimes contra a humanidade" similares aos do nazismo alemão, muitos deles em "campos da morte".

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