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A Coreia do Sul vive neste domingo (24) com expectativa a véspera da posse da primeira presidente mulher de sua história, Park Geun-hye, que assumirá o cargo em um momento de tensão após o recente teste nuclear norte-coreano.

À meia-noite do domingo, o simbólico sino de Bosingak, no centro de Seul, será badalado 33 vezes para anunciar a nova era desta veterana política de 61 anos e o final da de Lee Myung-bak, seu companheiro de partido, o conservador Saenuri.

Ganhadora das eleições de dezembro por uma estreita margem, Park Geun-hye, filha do ditador Park Chung-hee, que governou a Coreia do Sul nos anos 60 e 70, assumirá amanhã o cargo de chefe de Estado deste país de 50 milhões de habitantes para os próximos cinco anos.

Para a posse, haverá uma longa cerimônia em Seul que será realizada principalmente no palácio presidencial, ou Casa Azul, aonde irão, entre outras personalidades, o ministro das Finanças japonês, Taro Aso; o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Thomas E. Donilon, e a ex-presidente chilena Michelle Bachelet.

Criar mais postos de trabalho, ampliar o bem-estar de todas as classes sociais e fortalecer a defesa nacional serão previsivelmente os pontos centrais do discurso de Park, após o qual haverá uma apresentação do astro Psy, que virou ídolo nacional e ficou conhecido em todo o mundo com a música "Gangnam Style".

"Amanheceu a nova era de liderança feminina na Coreia do Sul", ilustra hoje em editorial o jornal "Korea Times", que destacou o fato de que "potências mundiais com uma longa história de política moderna como os Estados Unidos e Japão" nunca foram governadas por uma mulher.

O jornal "Korea Herald" qualificou, por sua vez, como "um marco na potencialização da figura da mulher na Coreia" a chegada ao poder de Park Geun-hye em um país com imensa maioria de homens tanto no parlamento como nos órgãos diretores de instituições e empresas.

A publicação relembrou as promessas de Park de promover a igualdade entre sexos, erradicar a discriminação da mulher, lutar contra a violência de gênero e apoiar a conciliação entre maternidade e carreira profissional.

Park assumirá o governo em uma conjuntura regional marcada pela tensão após o recente teste nuclear da Coreia do Norte e, em menor medida, às intensificadas reivindicações territoriais do Japão sobre as ilhas Dokdo, governadas de fato pela Coreia do Sul.

A Coreia do Norte pôs em xeque a comunidade internacional no último dia 12 com um teste atômico no nordeste do país, no qual lembrou ao mundo que mantém seu temido programa de armas nucleares.

Park Geun-hye, que também assumirá o cargo de comandante-em-chefe do exército, prometeu nesta semana, em uma significativa visita ao Comando de Forças Combinadas dos exércitos sul-coreano e americano em Seul, "estabelecer um sistema completo para frear" o desenvolvimento nuclear norte-coreano.

O roteiro da próxima presidente sul-coreana para a Coreia do Norte contempla a dupla via de busca de aproximação e a cooperação, mas também a manutenção de uma firmeza defensiva perante eventuais "provocações" nucleares e armamentísticas.

No caso do Japão, país com o qual a Coreia do Sul tem relações comerciais e concorre entre latentes feridas históricas que remontam à época da colonização (1905-1945), na semana passada aumentou a disputa sobre as ilhas Dokdo (Takeshima para os japoneses), fonte de intenso conflito no segundo semestre de 2012.

Na sexta-feira, o governo japonês enviou pela primeira vez um representante especial à cerimônia pelo chamado "Dia de Takeshima", organizada anualmente pela prefeitura de Shimane, o que gerou protestos oficiais da Coreia do Sul.

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