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Homem usando máscara passa por mural em Nova York, 22 de abril de 2020. O novo coronavírus matou mais americanos em um mês do que a gripe comum mata em média por ano
Homem usando máscara passa por mural em Nova York, 22 de abril de 2020. O novo coronavírus matou mais americanos em um mês do que a gripe comum mata em média por ano| Foto: TIMOTHY A. CLARY / AFP

Embora ainda haja muito que não sabemos sobre o novo coronavírus, sabemos o suficiente para dizer que ele é muito mais perigoso e mortal que a gripe. Foram necessários doze meses e 61 milhões de infecções para que a gripe suína H1N1 matasse 12.500 americanos em 2009-2010. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA estimaram que a gripe sazonal tenha matado 34.200 americanos durante a temporada de gripe de 2018 e 2019. Em 2019, acidentes de carro mataram 38.800 americanos.

Quanto ao novo coronavírus? Em 20 de março, o número de mortos nos Estados Unidos era de 225. Em 22 de abril, o coronavírus havia matado mais de 46.500 americanos.

Na semana passada, o periódico The New Atlantis produziu um gráfico que retratava a rapidez com que a Covid-19 se tornou uma das principais causas de morte nos Estados Unidos:

Apesar da rapidez com que o coronavírus matou dezenas de milhares de americanos, alguns da direita continuaram argumentando que a pandemia acabará não sendo mais grave do que uma má temporada de gripe. Na Fox News, na semana passada, Bill Bennett disse que "teremos menos mortes [por coronavírus] do que por gripe". Ele ressaltou o fato de que o modelo do Instituto para Métricas e Avaliações em Saúde (IHME), da Universidade de Washington, estimou que a Covid-19 provavelmente mataria cerca de 60.000 americanos e que a gripe sazonal matou 61.000 americanos em 2017-2018, uma temporada de gripe particularmente ruim.

Mas, como Rich Lowry apontou na semana passada, "se vamos ter 60.000 mortes com as pessoas não saindo de casa por mais de um mês, o número de mortes obviamente teria sido maior - muito maior - se todos estivessem levando a vida normalmente". De fato, o modelo do IMHE faz uma estimativa do número de mortes apenas para uma primeira onda de infecções, e a maior parte do país ainda estará vulnerável à infecção após a primeira onda passar.

Embora existam 800.000 casos confirmados de coronavírus nos Estados Unidos - ou seja, 0,24% da população dos EUA - o ex-comissário da Food and Drug Administration (FDA, agência federal dos EUA) Scott Gottlieb observou que algo entre 1% e 5% dos americanos já podem ter sido infectados pelo vírus. Mas isso está muito abaixo dos 50% a 70% necessários para alcançar a imunidade do rebanho. A gripe sazonal, em comparação, infectou 12% da população americana no ano passado porque temos uma vacina contra a gripe e um pouco mais de imunidade por infecções anteriores.

O novo coronavírus não apenas tem o potencial de infectar muito mais pessoas do que a gripe sazonal, como também aparentemente mata uma porcentagem maior de pessoas infectadas. Você não precisa basear-se em vários modelos estatísticos para chegar a essa conclusão. Você pode apenas olhar para a realidade do que já aconteceu em todo o mundo e nos Estados Unidos.

A gripe sazonal mata 0,1% das pessoas infectadas, mas o novo coronavírus já matou 0,1% de toda a população do estado de Nova York. Isso pode parecer uma pequena porcentagem. Mas imagine que o país inteiro seja atingido na mesma proporção que o estado de Nova York: 0,1% da população dos EUA são 330.000 pessoas. E não há razão para acreditar que o atual número de mortes em Nova York represente o limite superior da letalidade do vírus.

O Wall Street Journal informou que os casos confirmados de coronavírus na província italiana de Bergamo (1,1 milhão de habitantes) mataram 0,2% de toda a população em um mês. A porcentagem verdadeira pode ser maior: houve 4.000 mortes a mais em Bergamo em março de 2020 do que o número médio de mortes em março nos últimos anos, mas apenas 2.000 dessas mortes foram atribuídas a casos confirmados de Covid-19.

Não estamos falando de modelos estatísticos do que pode acontecer no futuro, mas da realidade do que já aconteceu. O vírus matou 100 médicos italianos. Isso não acontece durante uma temporada ruim de gripe. O vírus matou 30 funcionários do Departamento de Polícia de Nova York. Isso não acontece durante uma temporada ruim de gripe.

E ainda há a experiência da China, onde o número oficial de mortos em Wuhan é de 2.500, de acordo com o regime comunista. Mas há relatos de que o verdadeiro número de mortos em Wuhan (uma cidade de 10 milhões de habitantes) foi de mais de 40.000 pessoas. Isso representa 0,4% da população inteira da cidade.

Quase todos os conservadores são céticos em relação ao número oficial de mortes por coronavírus na China comunista. Por que, então, alguns pensam que o coronavírus não é muito mais mortal que a gripe? A China comunista, um regime que não é conhecido por valorizar a vida humana, fechou boa parte de sua economia por alguns meses por causa de uma gripe? Ou os líderes comunistas temiam que, sem o oneroso fechamento da economia, o vírus provocaria muito mais danos à nação e ameaçaria o seu controle do poder?

Você não precisa ter um doutorado em epidemiologia para responder a essas perguntas.

Nenhuma nação pode se dar ao luxo de suportar um confinamento até que uma vacina para o novo coronavírus seja desenvolvida. Mas ter um entendimento adequado do perigo passado e presente do vírus é importante. Saber que é extremamente improvável que a ameaça acabe assim que a primeira onda passar ajudará a guiar o governo, as empresas e os indivíduos a tomar precauções que limitarão o número de mortes do vírus nos próximos meses.

©2020 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês

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