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Crise é inerente à política

A idéia de ter uma classe média antidemocrática é rechaçada por Clóvis Brigagão, pesquisador do Centro de Estudo das Américas da Universidade Cândido Mendes. "Bobagem", diz ele. "Se a classe média fosse antidemocrática, os Estados Unidos e boa parte da Europa estariam no totalitarismo", argumentou. Segundo sua visão, a classe média trabalha como um pêndulo para a democracia. "Trazendo para um exemplo mais próximo nosso, foi a classe média que apoiou o golpe militar de 1964, que resultou nos anos de ditadura deliberada no país. E foi a mesma classe média que apoiou as eleições, a formação de partidos e a democracia a partir de 1985", diz.

Para o cientista político, "a democracia nasceu em crise, democracia é uma crise", afirmou, lembrando que a palavra "crise" para os chineses complementa a palavra "oportunidade", portanto tem significado positivo e negativo ao mesmo tempo. Ele concorda que a democracia compila os interesses de várias classes ao mesmo tempo, o que por si só já é suficiente para gerar crises. "Mas a crise também se dá pelo cansaço dos partidos políticos, que não se renovam, e também pelo avanço tecnológico: a internet e as novas redes têm mais representatividade e são mais democráticas do que os espaços tradicionais, como câmaras e congressos", declarou. "Democracia sem crise não existe: ou é ditadura ou viveremos todos no paraíso."

Mas Brigagão diz que "até admite" uma relação conflituosa no recente caso da Tailândia, ou no caso das oligarquias da Arábia Saudita, onde os sheiks estão no poder, ou ainda com "os piores exemplos da América Latina", com Chávez (Venezuela) e Morales (Bolívia). "Essa nova esquerda populista cria conflitos, são baseados na clivagem étnica. Na prática, Chávez é um bufão que fala muito mas não resolve efetivamente os problemas do próprio país", afirma.

Oposições

O professor de Relações Internacionais da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Tullo Vigevani afirmou que "a existência de maiorias não significa que não existam minorias com capacidade de incidir, de pressionar, de se opor", afirmou, usando como exemplo os conflitos da Bolívia.

Questionado sobre ações polêmicas tomadas por governantes que passam a ser taxados de populistas e totalitários, como os exemplos latinos, Vigevani afirma que popularidade é uma qualidade natural em uma liderança política. "Também é natural, e legítimo, que um país mude suas próprias regras econômicas, por exemplo."

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