O último relatório de uma outra ONG norte-americana, a Freedom House, revela que para cada país do globo que avançou na questão da liberdade em 2007, outros quatro andaram para trás. Na América Latina, o estudo aponta como países "parcialmente livres" Guatemala, Honduras, Nicarágua, Equador, Venezuela, Colômbia, Bolívia e Paraguai (ainda na gestão do Partido Colorado, que após seis décadas de domínio político foi substituído em agosto de 2008). Os demais países são considerados "livres", mas são apenas dois terços do total.
Existe uma crise na democracia? O colaborador-visitante do centro de estudos Carnegie Endowment for International Peace Joshua Kurlantzick afirma que sim. Saindo dos exemplos latinos, ele cita ainda a Rússia, a África do Sul, vários países do Oriente Médio e a Tailândia. "Em Bangcoc, legiões da classe média que normalmente estariam em shoppings povoaram as ruas, pedindo a queda do primeiro-ministro Samak Sundaravej. É verdade que eles não estavam brigando pela democracia, eles queriam que Samak, eleito democraticamente, caísse", relata. "Nas ruas, milhares de pessoas vestidas de amarelo a cor da monarquia na Tailândia choravam de alegria. O democrata havia sido deposto."
Para Kurlantzick, apoiado pelos números da Freedom House, os eventos que ocorreram na Tailândia são parte de uma crescente revolta global contra a democracia. "E os vilões, surpreendentemente, são as mesmas pessoas que supostamente fizeram a democracia possível: a classe média", afirma.
A explicação, ainda segundo o estudioso, é que democracias jovens, com instituições fracas, normalmente começam elegendo líderes que não se preocupam em prolongar a democracia. "Quando esses demagogos derrubam as reformas feitas pela classe média, ela se volta contra os líderes e contra o sistema, levando a democracia ao colapso", completa.



