Em discurso transmitido por rede nacional de rádio e tevê no dia em que se comemora a independência da Argentina, a presidente Cristina Kirchner se referiu às mudanças implementadas pelo governo nos últimos nove anos, mas evitou comentar dramas cotidianos como a escalada da inflação, insegurança e desaceleração da economia, notícias que todos os dias são publicadas pelos principais jornais do país.
Como costuma fazer, Cristina lembrou os momentos mais importantes da gestão de seu ex-marido e antecessor, Néstor Kirchner (1950-2010) e pediu "unidade, organização e solidariedade" aos argentinos, mas fez questão de ignorar suas disputas com o líder sindicalista Hugo Moyano e o governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli, hoje dois de seus principais adversários políticos.
"Há nove anos, a pessoa que foi meu companheiro de vida e militância veio a esta província [Tucumán] a marcar um caminho diferente", disse a presidente, que chegou a Tucumán acompanhada por vários de seus ministros.
Cristina anunciou que no próximo mês de agosto o governo terminará de pagar as parcelas às vítimas do confisco bancário de 2001 (o chamado "corralito") e dedicou grande parte do discurso a destacar a redução dos índices de pobreza e o impulso à produção nacional.
Porém, a presidente não fez qualquer menção ao princípio de recessão que se vive no país e que já foi confirmado por empresários e importantes economistas locais.
Cristina tampouco falou sobre o aumento de preços e a insegurança. Nos últimos dias, vários bairros portenhos foram cenário de violentos assaltos em municípios da província de Buenos Aires, e na cidade de Canuelas pessoas foram assassinadas na rua, provocando uma enérgica reação social. No entanto, a presidente não falou sobre a insegurança e essa atitude provocou críticas imediatas em redes sociais como Facebook e Twitter.
Num discurso centrado em sua gestão e a de seu ex-marido, Cristina atreveu-se a revelar que o ex-presidente não gostava de ser deputado e que a única lei que votou foi a que permitiu o casamento entre pessoas do mesmo sexo, em 2009.
Kirchner foi eleito deputado em 2009, numa eleição na qual foi derrotado na província de Buenos Aires pelo deputado Francisco De Narváez.
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