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O ex-presidente Eduardo Duhalde (2002-2003), um dos adversários da presidente Cristina Kirchner nas eleições do próximo dia 23, diz estar confiante, apesar de ter ficado em terceiro lugar nas primárias de agosto, com 12,12% dos votos. O cacique peronista, que em 2003 foi o artífice da chegada de Néstor Kirchner ao poder, insiste em denunciar graves irregularidades nas primárias e em afirmar que "Cristina não está capacitada para governar este país".

Admirador do Brasil e de seus últimos presidentes, Duhalde diz que não ficará zangado com Lula se o ex-presidente vier a Buenos Aires para respaldar a campanha de Cristina, como anunciou a Casa Rosada.

O senhor denunciou irregularidades nas primárias?

Sim, gravíssimas. Na província de Buenos Aires essas irregularidades envolveram 12% dos votos. Nós teríamos superado os 20%.

O que foi mais difícil de digerir para o senhor: o terceiro lugar ou os mais de 50% dos votos obtidos pela presidente?

O governo adotou duas decisões: a presidente tinha de alcançar mais de 50%; e ninguém deveria ter motivos para comemorar na oposição. O governo não queria um segundo colocado bem posicionado. Queriam isso e conseguiram. Mas tudo bem, já vai passar.

Como o senhor explica que mais de 50% dos argentinos votaram numa pessoa que, segundo sua avaliação, não está capacitada para governar?

A América do Sul não tinha uma década de crescimento como esta desde a independência de nossos países. Por mais que um presidente governe mal, sempre ocorrem movimentos, atividades novas, negócios, as pessoas gastam e o governo está financiando o consumo. No futuro teremos sérias dificuldades, porque estamos criando um clima de consumo e investimentos que não é sustentável, já que, apesar dos números do governo, nossa inflação é de quase 30%. Já temos sérias dificuldades econômicas, mesmo que não sejam visíveis.

O governo confirmou a presença de Lula na reta final da campanha de Cristina. Qual a sua opinião sobre a vinda do ex-presidente brasileiro na Argentina em plena campanha?

É típico dos presidentes brasileiros, todos pensam e atuam em fun­­ção dos interesses do Brasil. Um dia perguntei a Lula por que ele dizia que o presidente da Ve­­ne­­zuela (Hugo Chávez) era o me­­lhor presidente da História do país. Lula riu e o chanceler (Celso Amo­­rim) me respondeu: "business" (risos). Claro, se convém ao Brasil, vão dizer o que tiverem de dizer.

O apoio a Cristina também se deve a "business"?

É claro! Temos uma dependência muito grande em relação ao Brasil. Mas quero lembrar que Lula sempre foi muito correto comigo.

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