Líderes religiosos de diversas crenças se reuniram ontem, na mesquita Imam Ali, em Curitiba, para um culto ecumênico pela paz e em homenagem aos mortos nos conflitos da Faixa de Gaza. A comunidade israelita, porém, não foi convidada para o evento. Segundo Gamal Oumairi, vice-presidente da Sociedade Muçulmana do Paraná, embora não haja nenhum tipo de conflito ou hostilidade entre as duas comunidades, os israelitas não têm demonstrado disposição em conversar sobre o tema. "Isso não é plausível para um povo que deseja a paz."
Participaram do encontro, organizado pelo Comitê Árabe-brasileiro em Solidariedade ao Povo Palestino, cerca de 80 pessoas da comunidade islâmica, das igrejas católica, evangélica e ortodoxa e representantes do candomblé e da religião espírita.
"O objetivo desse encontro é que as pessoas se conscientizem da verdade e a transmitam para suas comunidades. Essa é uma luta não só de muçulmanos ou árabes, mas de todos", disse Oumairi. Ao iniciar o culto, ele pediu aplausos aos participantes, pela coragem de defender "um povo oprimido e que passa pelo maior massacre do século XXI".
Oumairi também pediu aos presentes que saibam diferenciar a religião judaica "que só tem coisas benéficas e pacíficas" da política sionista que, segundo ele, impõe um regime terrorista ao povo que vive na região, com opressão e tirania.
Durante as explanações, todos os líderes religiosos pediram o fim da "barbárie" vivida na Faixa de Gaza. Dom Ladislau Biernaski, bispo de São José dos Pinhais e representante da igreja católica no culto, disse que o conflito afeta o mundo todo e que cabe a todas as nações lutarem juntas pelo direito dos palestinos. "É preciso abandonar não só as armas de fogo, mas aquelas que estão dentro dos nossos corações e que também ferem e matam."
A ialorixá (mãe de santo) Dalzira Maria Aparecida, lembrou do apartied e disse que o fim do conflito deve ser uma "inquietação" de todos. "Nós, descendente de negros, sabemos o que é a falta de paz. Independente da crença, do ângulo pelo qual se vê Deus, é impossível não se sensibilizar com a imagem das mães correndo com seus filhos no colo", diz. "Está se criança uma indústria do medo."