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O Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) anunciou nesta segunda-feira (22) ter oferecido um cessar-fogo à Turquia, se o governo de Ancara abandonar seus planos de penetrar no norte do Iraque, segundo um site dos rebeldes na internet.

"Estamos dispostos a manter a trégua se o exército turco deixar de atacar nossas posições, abandonar seus projetos de incursão e se comprometer com a paz", diz a declaração.

O presidente do Iraque, Jalal Talabani, confirmou a intenção de haver um cessar-fogo, e disse que a declaração oficial do PKK deve ser feita ainda nesta segunda-feira (22).

"O PKK declarará esta noite que parará suas atividades", disse Talabani, segundo a agência de notícias pró-curda "Firat".

O presidente iraquiano, ele mesmo de etnia curda, pediu que o grupo separatista curdo-turco renuncie à violência e opte por vias políticas. Ele disse que as autoridades iraquianas não deterão os guerrilheiros do PKK refugiados no Iraque, porque "não podemos fazer essas detenções, já que estão em zonas montanhosas" de difícil acesso.

"Somos contra qualquer forma de violência, e voltamos a fazer uma chamada aos membros do PKK para deter a violência", disse Talabani.

O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, que tinha previsto ir ao Reino Unido em viagem oficial, não respondeu ao comentário feito por Talabani, após ter comentado antes que a Turquia espera agora uma ação concreta, e não declarações.

O ministro de Relações Exteriores turco, Ali Babacan, disse no Kuwait que Ancara tentará solucionar pela via diplomática a crise com o PKK, mas sem descartar a solução militar.

"Defendemos qualquer solução não militar, através da via diplomática e do diálogo, para colocar fim à tensão em nossa fronteira com o Iraque devido aos atentados terroristas dos rebeldes do PKK contra o Exército turco a partir do norte iraquiano", disse Babacan.

O chanceler turco, em entrevista coletiva no Kuwait, ressaltou que o "governo turco não opta pela intervenção militar, mas que poderíamos recorrer a essa solução caso seja necessária".

Apoio dos EUA

Um dia após George W. Bush condenar os ataques de rebeldes curdos ao Exército turco, a Casa Branca anunciou oficialmente que vai apoiar a Turquia contra o "problema terrorista do PKK" (Partido dos Trabalhadores do Curdistão).

Nesta segunda-feira (22), o anúncio foi feito novamente pelo porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.

"Os Estados Unidos estão de acordo com o trabalho dos turcos e dos iraquianos para resolver o problema do terrorismo do PKK", afirmou Gordon Johndroe.

No domingo, o mesmo Johndroe havia lido outra nota. "O presidente Bush condena fortemente os ataques violentos na província de Hakkari e estende suas condolências às famílias que perderam pessoas amadas e ao povo da Turquia."

A nova declaração da Casa Branca vem logo depois da crítica feita pelo primeiro-ministro turco. Recep Tayyip Erdogan disse que o PKK estava se escondendo atrás dos governos dos EUA e do Iraque e utilizando armas americanas.

Erdogan afirmou ainda que a Turquia está disposta a lançar uma ação militar contra os rebeldes curdos no norte do Iraque. "Não temos que receber permissão de ninguém", disse o premiê turco.

Desaparecimento

O Exército da Turquia admitiu nesta segunda que oito militares estão desaparecidos um dia após os violentos confrontos com rebeldes curdos próximo à fronteira com o norte do Iraque. No domingo (21), os integrantes do PKK haviam dito que estavam com 'vários' reféns militares turcos.

Pelo menos 12 soldados foram mortos durante o conflito, segundo a declaração oficial do Exército, que contraria o que disse o ministro de Defesa turco, Vecdi Gonul. No domingo, Gonul havia declarado que eram 17 os soldados do país mortos no confronto.

A declaração do Exército também modifica o número de rebeldes mortos, que subiu de 32 para 34.

Iraque

O Parlamento iraquiano exigiu neste domingo (21) que os separatistas do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) "saiam do território iraquiano e que o governo (do Iraque) expulse seus membros".

Pouco antes, o Parlamento do Iraque condenou a ameaça de uma incursão militar turca na região do Curdistão iraquiano para eliminar as bases de rebeldes curdos.

Em comunicado oficial, o presidente do Parlamento, Mahmoud Mashhadani, pediu que sejam estudados "todos os caminhos possíveis para uma solução pacífica para a crise".

"Confirmamos as relações de boa vizinhança com a Turquia, mas rejeitamos as ameaças e o uso da força, e consideramos que a decisão do Parlamento turco de conceder ao Exército o uso da força (contra o Curdistão iraquiano) não ajuda nas negociações", acrescenta a nota.

Na quarta-feira (17), o Parlamento turco autorizou o governo de seu país a lançar incursões militares contra as bases dos guerrilheiros do PKK no norte do Iraque.

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