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Muammar Kadafi, sempre um político exibicionista, escolheu um programa de debates como uma nova maneira de mandar sua mensagem ao Ocidente: reforma econômica vai ajudar a Líbia, mas transformações políticas não são necessárias.

Em uma mesa redonda com dois estudiosos ocidentais e um célebre jornalista britânico, ele disse que a urna de votos não era para sua nação exportadora de petróleo.

Seu Jamahiriyah, ``estado das massas'', deve permanecer, ele disse, defendendo um sistema de encontros em administrações municipais em que partidos políticos são banidos, o que sugeriu outras nações a adotar.

A globalização, no entanto, pode ser um benefício para a economia do país, em um momento em que a Líbia se liberta do controle estatal da economia, segundo Kadafi, líder do país do norte da África desde que tomou o poder em um golpe em 1969.

A fita do debate na última sexta-feira será distribuída a canais de televisão internacionais e as imagens devem ser veiculadas no website do governo líbio, disse George Snell, da empresa de relações públicas norte-americana envolvida na organização do evento.

Apesar do apoio de Kadafi ao Jamahiriyah, alguns líbios imaginam se algum dia a renovação chegará à esfera política.

Kadafi não deixou dúvidas ontem. ``Democracia popular direta será um modelo para outros países nos próximos anos'', disse o líder ao cientista político Benjamim Barber e ao sociólogo britânico Anthony Giddens, em uma discussão moderada pelo jornalista David Frost.

Críticos dizem que o sistema do Jamahiriyah ajudou a empobrecer as pessoas e é um pretexto para um governo autoritário.

Observadores disseram que o evento mostrou tanto as possibilidades quanto os limites das mudanças no país.

Se o debate for exibido pela televisão líbia, as imagens de negociação durante a discussão podem influenciar a liberdade de expressão em um país em que a mídia é controlada pelo Estado.

Kadafi foi desafiado e algumas vezes enfrentado pelos participantes do debate sobre sua oposição às eleições.

``Eu tenho uma fonte fundamental de desentendimento com o Sr. Kadafi'', disse o sociólogo Giddens, usando uma linguagem nunca ouvida publicamente na Líbia.

Mas os jornais de sábado trouxeram reportagens de um encontro com associados políticos de Kadafi, na sexta, em que ele denunciou a dominação ocidental do mundo e pediu aos líbios para se prepararem para lutar contra invasores. Nada foi publicado sobre o debate.

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