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Violência

Decretada prisão preventiva de agentes ligados à morte de jovem grego

Dados da balística indicaram que a bala ricocheteou antes de atingir o coração do garoto, afirmam advogados de defesa. Greve geral no país aumenta a tensão na região

Policiais levam Epaminontas Korkoneas, autor dos disparos, para a prisão: permanência em custódia até julgamento pela morte do adolescente | Eurokinissi / Reuters
Policiais levam Epaminontas Korkoneas, autor dos disparos, para a prisão: permanência em custódia até julgamento pela morte do adolescente (Foto: Eurokinissi / Reuters)

Um juiz de Atenas decretou nesta quarta-feira (10) a prisão preventiva dos dois agentes envolvidos na morte de Alexis Grigoropoulos, jovem de 15 anos morto no sábado por um tiro da Polícia. Epaminontas Korkoneas, autor dos disparos, e seu parceiro Vasilis Saraliotis, acusados de homicídio doloso e cumplicidade, respectivamente, permanecerão sob custódia até serem julgados pela morte do adolescente.

A decisão da Justiça grega foi tomada depois que os advogados de defesa dos policiais afirmaram que os primeiros dados da balística indicam que a bala que matou o adolescente ricocheteou antes de atingir seu coração.

Greve

Logo pela manhã, a convocação de uma greve geral no país aumentou a tensão na região, que enfrenta o quinto dia de protestos contra o governo desde a morte de Alexis. Uma passeata de cerca de 5 mil grevistas no centro da capital se transformou em novo ato de violência, com jovens enfrentando policiais. Com o transporte público parado, aeroportos fechados, e hospitais funcionando em esquema de plantão, milhares de cidadãos faltaram ao trabalho e foram às ruas para reivindicar mais justiça social, aumentando a pressão sobre o governo conservador, que enfrenta a maior revolta no país em décadas.

Sindicatos de trabalhadores, funcionários, docentes e estudantes mantiveram a convocação da greve apesar de o primeiro-ministro, Costas Caramanlis, ter pedido a sua suspensão da paralisação diante dos distúrbios dos últimos dias. A manifestação estava prevista há uma semana, ou seja, antes do incidente que desencadeou a onda de distúrbios nas ruas de diversas cidades do país, além de protestos nos consulados gregos de Londres, Berlim, e Paris, invadidos por manifestantes.

Depois de mais uma madrugada de confrontos entre jovens e a polícia, que se estenderam até as 3h, a greve desta quarta-feira provocou o cancelamento de todos os vôos, devido à paralisação dos controladores aéreos. Os navios permanecem nos portos e os colégios e universidades estão fechados. Os jornalistas também se uniram ao protesto, com duas horas de greve.

Prejuízos com protestos podem chegar a 200 milhões de euros

Nos cinco dias de protesto, o custo dos danos a lojas e empresas somente em Atenas é estimado em cerca de 200 milhões de euros (R$ 635 milhões), disse a Confederação Grega de Comércio.

"Em Atenas, tivemos 565 lojas com sérios danos ou completamente destruídas", disse Vassilis Krokidis, vice-presidente da federação.

Os manifestantes concentram-se em três pontos no centro de Atenas próximos ao Parlamento, que foi cercado na véspera por radicais que se infiltraram nas manifestações pacíficas de repúdio à morte de Alexandros Grigoropoulos. O governo prometeu justiça, mas a oposição pediu a convocação de novas eleições. O líder do partido socialista, George Papakonstantinou, culpou o primeiro-ministro pela crise.

"Ele e seu governo são responsáveis pela expansão da crise no país", disse.

A Confederação Geral dos Trabalhadores da Grécia e a Administração Suprema dos Sindicatos dos Trabalhadores Civis Gregos, que representam mais de 2 milhões de pessoas, tinham convocado a greve contra reformas econômicas do governo conservador, há quatro anos no poder. As medidas impopulares incluem o aumento da contribuição previdenciária para evitar a falência do sistema de pensões, privatizações e criação de universidades particulares no país, que tem a maior taxa de desemprego da União Européia (7%).

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