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Policiais levam Epaminontas Korkoneas, autor dos disparos, para a prisão: permanência em custódia até julgamento pela morte do adolescente | Eurokinissi / Reuters
Policiais levam Epaminontas Korkoneas, autor dos disparos, para a prisão: permanência em custódia até julgamento pela morte do adolescente| Foto: Eurokinissi / Reuters

Quem era o jovem grego morto que detonou os distúrbios?

Para os amigos, o adolescente grego Alexandros Grigoropolos era quieto e estudioso; para o policial que o matou, o jovem de 15 anos era parte de uma multidão a fazer arruaça.

A morte de Grigoropolos em uma rua de Atenas no sábado foi o estopim para a pior agitação social em décadas e para manifestações contrárias ao governo que, nasta terça-feira (9), foram parar nos portões do Parlamento.

O governo de direita, detentor da maioria por uma pequena diferença, mostra-se hesitante com os pedidos da população por mudança e a exigência da oposição para que eleições sejam convocadas. Além de levar milhares de pessoas às ruas, a morte de Grigoropolos levou outros milhares à Internet.

Conhecido pelos amigos por "Gregory", o jovem vinha de uma família abastada. A mãe é joalheira; o pai, gerente de banco. Ele frequentava uma escola particular nos subúrbios, no norte de Atenas.

Amigos e conhecidos disseram que Grigoropoulos era um garoto reservado que passava muito tempo lendo. Seu gosto musical ia do punk ao hip hop e amava andar de skate. Um típico adolescente do século XXI.

Na quinta-feira, milhares de pessoas compareceram ao seu funeral. Enquanto a mãe inconsolável levava o caixão para o túmulo, manifestantes entravam em confronto com a polícia do lado de fora do cemitério.

Bairro violento

Grigoropoulos foi atingido depois de uma suposta discussão com policiais no explosivo bairro de Exarchia, uma das regiões mais violentas da cidade e local improvável para um jovem de classe média. Amigos disseram que ele estava ali para uma festa.

"Ele estava no lugar errado na hora errada", disse um dos colegas de classe ao diário Ta Nea. Outro afirmou ao jornal Eleftheros Typos: "Ele foi um herói acidental".

De acordo com a polícia, um carro de patrulha com dois policiais foi atacado com projéteis por cerca de 30 pessoas. Quando os policiais saíram do veículo para fazer prisões, eles sofreram um novo ataque.

Um policial disparou uma bomba de efeito moral e outro usou uma arma, disparando três tiros de advertência, matando o adolescente. Testemunhas disseram que o policial mirou em Grigoropoulos, e ele foi indiciado por homicídio.

Para muitos na Grécia, a imagem do adolescente virou um símbolo de resistência pública. A página dedicada à memória de Grigoropoulos no site de relacionamentos Facebook conta com mais de 85 mil membros.

Fonte: Reuters

Um juiz de Atenas decretou nesta quarta-feira (10) a prisão preventiva dos dois agentes envolvidos na morte de Alexis Grigoropoulos, jovem de 15 anos morto no sábado por um tiro da Polícia. Epaminontas Korkoneas, autor dos disparos, e seu parceiro Vasilis Saraliotis, acusados de homicídio doloso e cumplicidade, respectivamente, permanecerão sob custódia até serem julgados pela morte do adolescente.

A decisão da Justiça grega foi tomada depois que os advogados de defesa dos policiais afirmaram que os primeiros dados da balística indicam que a bala que matou o adolescente ricocheteou antes de atingir seu coração.

Greve

Logo pela manhã, a convocação de uma greve geral no país aumentou a tensão na região, que enfrenta o quinto dia de protestos contra o governo desde a morte de Alexis. Uma passeata de cerca de 5 mil grevistas no centro da capital se transformou em novo ato de violência, com jovens enfrentando policiais. Com o transporte público parado, aeroportos fechados, e hospitais funcionando em esquema de plantão, milhares de cidadãos faltaram ao trabalho e foram às ruas para reivindicar mais justiça social, aumentando a pressão sobre o governo conservador, que enfrenta a maior revolta no país em décadas.

Sindicatos de trabalhadores, funcionários, docentes e estudantes mantiveram a convocação da greve apesar de o primeiro-ministro, Costas Caramanlis, ter pedido a sua suspensão da paralisação diante dos distúrbios dos últimos dias. A manifestação estava prevista há uma semana, ou seja, antes do incidente que desencadeou a onda de distúrbios nas ruas de diversas cidades do país, além de protestos nos consulados gregos de Londres, Berlim, e Paris, invadidos por manifestantes.

Depois de mais uma madrugada de confrontos entre jovens e a polícia, que se estenderam até as 3h, a greve desta quarta-feira provocou o cancelamento de todos os vôos, devido à paralisação dos controladores aéreos. Os navios permanecem nos portos e os colégios e universidades estão fechados. Os jornalistas também se uniram ao protesto, com duas horas de greve.

Prejuízos com protestos podem chegar a 200 milhões de euros

Nos cinco dias de protesto, o custo dos danos a lojas e empresas somente em Atenas é estimado em cerca de 200 milhões de euros (R$ 635 milhões), disse a Confederação Grega de Comércio.

"Em Atenas, tivemos 565 lojas com sérios danos ou completamente destruídas", disse Vassilis Krokidis, vice-presidente da federação.

Os manifestantes concentram-se em três pontos no centro de Atenas próximos ao Parlamento, que foi cercado na véspera por radicais que se infiltraram nas manifestações pacíficas de repúdio à morte de Alexandros Grigoropoulos. O governo prometeu justiça, mas a oposição pediu a convocação de novas eleições. O líder do partido socialista, George Papakonstantinou, culpou o primeiro-ministro pela crise.

"Ele e seu governo são responsáveis pela expansão da crise no país", disse.

A Confederação Geral dos Trabalhadores da Grécia e a Administração Suprema dos Sindicatos dos Trabalhadores Civis Gregos, que representam mais de 2 milhões de pessoas, tinham convocado a greve contra reformas econômicas do governo conservador, há quatro anos no poder. As medidas impopulares incluem o aumento da contribuição previdenciária para evitar a falência do sistema de pensões, privatizações e criação de universidades particulares no país, que tem a maior taxa de desemprego da União Européia (7%).

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