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Manifestante desafia cordão de isolamento da polícia em Atenas | Reuters
Manifestante desafia cordão de isolamento da polícia em Atenas| Foto: Reuters

A convocação de uma greve geral na Grécia aumentou a tensão no país, que enfrenta o quinto dia de protestos contra o governo desde que um adolescente de 15 anos foi morto por um policial, em Atenas, no último sábado. Uma passeata de cerca de 5 mil grevistas no centro da capital se transformou em novo ato de violência, com jovens enfrentando policiais. Com o transporte público parado, aeroportos fechados, e hospitais funcionando em esquema de plantão, milhares de cidadãos faltaram ao trabalho e foram às ruas para reivindicar mais justiça social, aumentando a pressão sobre o governo conservador, que enfrenta a maior revolta no país em décadas.

Sindicatos de trabalhadores, funcionários, docentes e estudantes mantiveram a convocação da greve apesar de o primeiro-ministro, Costas Caramanlis, ter pedido a sua suspensão da paralisação diante dos distúrbios dos últimos dias. A manifestação estava prevista há uma semana, ou seja, antes do incidente que desencadeou a onda de distúrbios nas ruas de diversas cidades do país, além de protestos nos consulados gregos de Londres, Berlim, e Paris, invadidos por manifestantes.

Depois de mais uma madrugada de confrontos entre jovens e a polícia, que se estenderam até as 3h, a greve desta quarta-feira provocou o cancelamento de todos os vôos, devido à paralisação dos controladores aéreos. Os navios permanecem nos portos e os colégios e universidades estão fechados. Os jornalistas também se uniram ao protesto, com duas horas de greve.Advogado de policial diz que bala que matou adolescente ricocheteou

Nas ruas, os manifestantes gritavam "governo assassino", furiosos com a morte de Alexandros Grigoropoulos, que alimentou o descontentamento com escândalos políticos, o aumento do desemprego e a pobreza. O adolescente de 15 anos foi enterrado na terça-feira depois de ter sido baleado no sábado pela polícia, que o acusa de ter tentado atirar uma bomba contra uma viatura. Dois policiais foram presos e serão investigados.

Testemunhas disseram que um dos policiais atirou deliberadamente no jovem, mas seu advogado declarou nesta quarta-feira que um laudo de balística mostra que o adolescente foi morto por uma bala que ricocheteou acidentalmente. O laudo de balística ainda não foi publicado oficialmente.

- A investigação mostra que a bala ricocheteou... Portanto, isso foi um acidente - disse o advogado Alexis Kougias.

Prejuízos com protestos podem chegar a 200 milhões de euros

Nos cinco dias de protesto, o custo dos danos a lojas e empresas somente em Atenas é estimado em cerca de 200 milhões de euros (R$ 635 milhões), disse a Confederação Grega de Comércio.

- Em Atenas, tivemos 565 lojas com sérios danos ou completamente destruídas - disse Vassilis Krokidis, vice-presidente da federação.

Os manifestantes concentram-se em três pontos no centro de Atenas próximos ao Parlamento, que foi cercado na véspera por radicais que se infiltraram nas manifestações pacíficas de repúdio à morte de Alexandros Grigoropoulos. O governo prometeu justiça, mas a oposição pediu a convocação de novas eleições. O líder do partido socialista, George Papakonstantinou, culpou o primeiro-ministro pela crise.

- Ele e seu governo são responsáveis pela expansão da crise no país - disse.

A Confederação Geral dos Trabalhadores da Grécia e a Administração Suprema dos Sindicatos dos Trabalhadores Civis Gregos, que representam mais de 2 milhões de pessoas, tinham convocado a greve contra reformas econômicas do governo conservador, há quatro anos no poder. As medidas impopulares incluem o aumento da contribuição previdenciária para evitar a falência do sistema de pensões, privatizações e criação de universidades particulares no país, que tem a maior taxa de desemprego da União Européia (7%).

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