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Internet como aliada

O formato do debate mostrou a importância que a internet ganhou como meio usado pelos candidatos para conseguir votos, divulgar a sua mensagem e angariar fundos. O "YouTube" se tornou um instrumento fundamental na campanha, já deixando algumas vítimas no caminho.

Uma delas foi o republicano George Allen. Ele perdeu a reeleição para o Senado em 2006 e teve que renunciar a suas aspirações presidenciais. Tudo porque apareceu no "YouTube" referindo-se a uma mulher de origem oriental como "macaca".

No revolucionário formato, os pré-candidatos apresentaram seus próprios vídeos durante o debate. O de Edwards brincou com os comentários sobre o excesso de cuidados com o seu penteado. Com o tema do musical "Hair" ao fundo, o vídeo termina dizendo "O que realmente importa? Você escolhe".

A mensagem de Clinton terminou com a frase "Às vezes o melhor homem para um trabalho é uma mulher".

Hillary é alvo de concorrentes

O debate não foi dominado pela guerra do Iraque, mas sim por questões derivadas de uma preocupação simples: como diferenciar um político do outro? Em que os democratas serão diferentes dos republicanos e como cada candidato se diferencia de seus concorrentes pela indicação do partido?

Na primeira rodada de respostas às perguntas enviadas pelo YouTube, a maioria defendeu que a diferença vinha do fato de serem do Partido Democrata. Mas em seguida houve perguntas provocativas. Os eleitores provocaram Barack Obama para saber o que ele responderia a quem acha que ele não é negro o suficiente. "Eu quero levar o debate político para além da questão da cor neste país", disse o senador.

A Hillary Clinton, perguntaram o que ela acha de quem diz que ela não é feminina o bastante. "Só posso me definir de uma forma: sou uma mulher. Mas não estou concorrendo por ser mulher e nem quero que ninguém vote em mim porque sou mulher", respondeu Hillary.

Hillary Clinton foi alvo de muitas alfinetadas de seus concorrentes, o que confirmou uma das expectativas dos analistas políticos em relação ao debate: os outros sete tentariam usar as respostas para reduzir a diferenças de mais de dez pontos percentuais a favor da senadora nas últimas pesquisas de opinião.

Os pré-candidatos democratas às eleições presidenciais dos Estados Unidos participaram na segunda-feira (23) de um histórico debate na CNN, no qual o público formulou perguntas por meio do site YouTube. Ao contrário do que aconteceu nos três debates anteriores, os aspirantes democratas à Casa Branca Hillary Clinton, Barack Obama, John Edwards, Bill Richardson, John Biden, Christopher Dodd, Mike Gravel e Dennis Kucinich responderam a perguntas feitas principalmente por jovens americanos sem muita experiência política.

Esta foi a primeira vez na história das eleições americanas que os candidatos responderam a dúvidas de pessoas comuns sem jornalistas nem analistas controlando o debate. Para o editor de política da CNN, Sam Feist, "é isso o que faz este debate: personaliza as perguntas e as respostas de uma maneira que os jornalistas não conseguiriam fazer". Além disso, segundo os diretores do programa, há perguntas que os jornalistas e os principais meios de comunicação nunca fariam em um debate presidencial.

Nas últimas semanas, cerca de 3 mil vídeos com perguntas foram enviados ao "YouTube". Destes, 20 foram selecionados pelos editores da CNN. O debate foi patrocinado pela rede de televisão "CNN" e pelo "YouTube" e apresentado pelo jornalista Anderson Cooper. Foram duas horas de perguntas e respostas na Academia Militar Citadel, em Charleston, na Carolina do Sul.

Entre as questões abordadas estavam o racismo, o casamento homossexual, o salário mínimo, a Guerra do Iraque e a possibilidade de diálogo com governantes antagônicos como o presidente de Cuba, Fidel Castro, e o da Venezuela, Hugo Chávez.

Perguntas sem cerimônia

"E aí?", saudou o primeiro internauta, em uma descontraída gravação. Em um comovente vídeo, a mãe de um jovem que estaria estacionado no Iraque perguntou aos pré-candidatos: "quantos soldados mais devem morrer, enquanto estes jogos políticos continuarem no nosso governo?".

"Precisamos fixar um cronograma para começar a trazer as tropas para casa", respondeu Hillary Clinton. "Nosso momento de perguntar quando vamos deixar o Iraque era antes de nos metermos lá", rebateu Obama, lembrando do voto da ex-primeira-dama em 2002, que apoiou a guerra no Iraque.

Outro vídeo era de um campo de refugiados em Darfur. Três pessoas pediram aos pré-candidatos que se imaginassem sendo pais de crianças refugiadas. O senador Joseph Biden se declarou partidário de enviar tropas a Darfur para acabar com a guerra civil no Sudão. Mas Clinton opinou que isso seria impossível, num momento em que grande parte da força militar dos Estados Unidos está no Iraque.

Outra pessoa questionou se os afro-americanos vão se recuperar, algum dia, da escravidão, enquanto duas mulheres questionavam: "vocês vão deixar que nos casemos... uma com a outra?". O governador do estado do Novo México, Bill Richardson, que quer ser o primeiro hispânico a disputar a Presidência dos Estados Unidos, prometeu defender os direitos dos homossexuais. Já o senador Christopher Dodd afirmou que seu objetivo é conseguir a união de todos os americanos.

Como era de se esperar, os candidatos democratas criticaram o presidente dos EUA, George W. Bush, e a Guerra do Iraque. Clinton rejeitou o termo "liberal" aplicado aos membros de seu partido, como equivalente a "esquerdista" e disse que prefere ser chamada de progressista. "Tem uma significação muito mais americana", disse ela.

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