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A reforma da previdência social na França superou nesta quarta-feira seu primeiro obstáculo ao ser aprovado pelos deputados após acalorado debate.

Milhares de pessoas, convocadas por sindicatos, protestaram contra a reforma em frente à Assembleia Nacional, dando continuidade às manifestações e à greve que prejudicaram os transportes no país no dia 7 deste mês. Uma nova paralisação foi convocada para o dia 23.

"É importante não fazer nada em um dia em que o Parlamento vai votar uma lei que não é correta para os trabalhadores", disse um porta-voz do ramo energético da central sindical CGT, que convocou a greve dos trabalhadores desse setor.

Os deputados passaram a noite debatendo, e, ao final, aprovaram a reforma por 329 a 233 votos. A aprovação não chegou a ser colocada em dúvida, já que o presidente Nicolas Sarkozy tem ampla maioria na Câmara de Deputados.

O encarregado de defender o projeto do governo foi o ministro do Trabalho, Eric Woerth, envolvido em escândalos de financiamento político e de tráfico de influência. Um parlamentar socialista (oposição), enfurecido com a decisão da mesa de apressar a votação, chamou Woerth de mentiroso.

Para muitos, a reforma da previdência pode ser o grande legado do governo de Sarkozy, que terá uma dura batalha pela frente caso queira tentar um novo mandato de cinco anos em 2012.

A reforma eleva de 60 para 62 anos a idade mínima de aposentadoria a partir de 2018, e de 65 para 67 a idade que dá direito à aposentadoria integral. Depois dos protestos do dia 7, o governo de centro-direita fez ligeiros ajustes no pacote, mas ainda assim 60 por cento dos franceses gostariam que houvesse mais concessões, segundo uma pesquisa do instituto BVA divulgada na quarta-feira.

A maioria dos eleitores, no entanto, se mostra conformada com a necessidade de combater o déficit previdenciário, e analistas dizem que os sindicatos terão dificuldades de transformar seu protesto em algo grande o suficiente para fazer o governo recuar.

Sarkozy disse nesta quarta-feira a senadores governistas que ainda há margem para emendas, mas não substanciais. O projeto deve ser votado no começo de outubro no Senado, e o governo espera sancioná-lo em novembro.

A ex-candidata socialista à presidência Segolene Royal disse que "a batalha não está perdida". Para ela, a resposta tem de ser fortíssima. "É uma reforma injusta e perigosa", afirmou.

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