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As equipes negociadores do Governo colombiano e das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) concluem nesta quarta-feira (17) em Oslo os detalhes prévios para a abertura formal da mesa de negociações de paz, cuja constituição será apresentada na quinta-feira (18) à imprensa em um hotel nos arredores da capital norueguesa.

A delegação governamental chegou ao aeroporto de Gardermoen (Oslo) pouco depois das 10h (horário local, 7h de Brasília) e foi recebida por funcionários noruegueses que levaram o grupo para um lugar fora de Oslo, mantido em sigilo, onde devem se reunir com a equipe da guerrilha, informou à Agência Efe um porta-voz da Presidência colombiana.

As autoridades norueguesas, que atuam como facilitadoras do processo, não quiseram confirmar a chegada da delegação das Farc, embora segundo a "Caracol Radio" ela tenha acontecido horas antes que a da equipe governamental.

Em seu encontro de hoje as partes definirão detalhes logísticos, sobretudo das reuniões posteriores em Havana, anunciou na terça-feira, antes de partir do aeroporto militar de Catam (Bogotá) o chefe da equipe do Governo, o ex-vicepresidente Humberto de la Rua.

A reunião pública de amanhã será realizada em um hotel em Hurdal, cerca de 80 quilômetros ao norte de Oslo e que não será o local onde as reuniões prévias serão realizadas, mantido ainda em segredo, esclareceram as autoridades norueguesas.

No ato será lida uma declaração conjunta, seguida por uma entrevista coletiva do Governo colombiano com dez perguntas, e outras tantas em outra conferência que o grupo das Farc fará, segundo disseram fontes próximas ao processo à Efe em Bogotá.

A abertura da mesa de diálogo, que marca o início da segunda fase do processo, acontece um dia depois do inicialmente estipulado, por causa de uma demora por razões logísticas, que obrigou o atraso de dois dias da chegada das delegações, prevista para domingo.

Entre as causas da demora, o líder máximo da guerrilha, conhecido como "Timochenko", citou há dois dias em entrevista um atraso por parte das autoridades judiciais de retirar as ordens de captura contra os delegados das Farc, que, segundo confirmou a Interpol à Efe, já foram suspensas.

Tanto "Timochenko" como De la Rua mostraram seu otimismo, da mesma forma que o presidente colombiano, Juan Manuel Santos. Santos, de volta à cena pública após ser operado de um câncer de próstata, reiterou na terça-feira que com este processo se procura encerrar o conflito armado vivido pelo país há meio século.

Em Oslo se encontrarão duas equipes integradas por dez representantes cada uma, incluindo cinco suplentes por delegação. De la Rua lidera um grupo que inclui o Alto Conselheiro para a Paz, Sergio Jaramillo; Luis Carlos Villegas, presidente da Associação Nacional de Empresários da Colômbia (Andi); e dois generais reformados, Jorge Enrique Mora Rangel (Exército) e Óscar Naranjo (Polícia).

Na equipe negociadora das Farc, liderada por seu número dois, "Ivan Márquez", se assinalava inicialmente que estariam Rodrigo Granda ou "Ricardo Téllez"; Jesús Emilio Carvajalino ou "Andrés Paris"; e Luis Alberto Albán ou "Marcos León Calarcá".

A intenção das Farc é que também participe "Simón Trinidad", apelido de Juvenal Ricardo Ovidio Palmera, que cumpre pena de 60 anos de prisão nos EUA como responsável pelo sequestro de três contratistas do Pentágono na floresta colombiana em 2003.

A ministra da Justiça colombiana, Ruth Stella Correa, assinalou há poucos dias a possibilidade de que o guerrilheiro possa participar através de videoconferência. A guerrilheira holandesa Tanja Nijmeijer se incorporará na fase seguinte em Havana, segundo escreveu em sua conta do Twitter o jornalista colombiano Carlos Lozano, próximo às Farc.

Nijmeijer, conhecida como "Eileen" ou "Alexandra", viajará para a capital cubana "com um salvo-conduto", pois sua incorporação de última hora à equipe negociadora e sua nacionalidade holandesa dificultaram os trâmites para que pudesse viajar para Oslo.

O Governo e as Farc assumiram o compromisso de realizar este diálogo de paz no dia 26 de agosto em Havana, mediante o chamado "Acordo geral para o fim do conflito e a construção de uma paz estável e duradoura".

O acordo, que não inclui um cessar-fogo prévio, culminou seis meses de "conversas exploratórias" e secretas em Cuba, para onde serão transferidas as negociações após a abertura do diálogo em Oslo. Cuba e Noruega são os mediadores de um processo no qual são acompanhantes Venezuela e Chile.

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