A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, encerrou na quinta-feira três dias de conversações com líderes israelenses e palestinos sem sinais de avanços visíveis para acabar com um impasse em torno das construções em assentamentos da Cisjordânia.

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Os palestinos reiteraram a ameaça de abandonar as negociações se Israel retomar a ampliação dos seus assentamentos na Cisjordânia a partir de 30 de setembro, quando expira uma moratória unilateral nessas obras. Israel reafirmou que não vai prorrogar a moratória, nem por um período limitado.

Em outro caminho possível para a paz, o representante especial dos Estados Unidos para o Oriente Médio, George Mitchell, se reuniu com o presidente sírio, Bashar al Assad, em Damasco, e disse que o foco dos EUA no acordo entre israelenses e palestinos não afastará Washington da busca por um acordo entre Síria e Israel.

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Em entrevista ao Canal 10 da TV israelense, Hillary disse que seria "extremamente útil" se Israel aceitasse prorrogar a moratória nas obras da Cisjordânia, declarada há dez meses.

Mas fontes próximas às negociações disseram que o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, rejeitou uma proposta de estender a suspensão por mais três meses.

Em reunião da Liga Árabe no Cairo, o chanceler palestino, Riyad al Malki, reiterou a ameaça palestina de abandonar as negociações "se um assentamento for construído após o congelamento."

"Se a construção de assentamentos não parar, então de nada serve continuar as negociações", disse o chefe da Liga Árabe, Amr Moussa, numa entrevista coletiva, acrescentando que essa é também a opinião dos árabes e do presidente palestino, Mahmoud Abbas.

"Negociar com ocupação é simplesmente perda de tempo."

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Encerrando a rodada de negociações que começou no Egito na terça-feira, Hillary Clinton se reuniu com o rei Abdullah na Jordânia, depois de se encontrar com o presidente palestino, Mahmoud Abbas, em Ramallah, na Cisjordânia."Hoje, sua majestade e eu discutimos as negociações em andamento, e expressei minha confiança de que o primeiro-ministro Netanyahu e o presidente Abbas podem tomar decisões difíceis para resolver todas as questões centrais dentro de um ano", disse ela a jornalistas em Amã.

Essas diferenças incluem as fronteiras de um futuro Estado palestino, o futuro dos assentamentos, Jerusalém e os refugiados palestinos.

Meio termo

O presidente egípcio, Hosni Mubarak, disse ao Canal 1 da TV israelense que conversou com Netanyahu sobre a ideia de prolongar a suspensão por mais três meses, para tentar ganhar tempo para que os negociadores possam chegar a um acordo quanto às fronteiras do Estado palestino.

Israel já disse que tal acordo implicaria uma troca de territórios, pela qual Israel conservaria importantes blocos de assentamentos na Cisjordânia.

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Uma vez acordado o traçado da fronteira, disse Mubarak na entrevista, Israel poderia construir dentro de suas fronteiras futuras, e os palestinos poderiam fazer o mesmo -- com isso resolvendo a questão da suspensão, na prática, e mantendo vivas as negociações de paz.

Fontes próximas às negociações disseram que os EUA --que lançaram as negociações diretas em Washington em 2 de setembro, após um hiato de 20 meses-- fizeram uma proposta semelhante. Representantes norte-americanos se negaram a comentar.

Os assentamentos são vistos como ilegais pela Corte Mundial, posição contestada por Israel. Os palestinos temem que os enclaves israelenses lhes impossibilitem ter um país viável e contíguo.

Os negociadores israelenses e palestinos devem voltar a se reunir na semana que vem, quando marcarão data para um novo encontro de seus líderes.Em Damasco, Mitchell, que havia acompanhado Hillary à região, disse a jornalistas: "Nosso esforço para resolver o conflito palestino-israelense de maneira alguma contradiz ou conflita com nossa meta de uma paz abrangente, incluindo a paz entre Israel e Síria."

A última negociação direta entre Israel e Síria ocorreu em 2000 nos EUA, mas foi abandonada devido à falta de acordo sobre as colinas do Golã, um platô estratégico, ocupado em 1967 por Israel, e que a Síria reivindica.

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