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Imagem do início do século passado mostra criança num hipopótamo no Zoológico de St. Louis. Hoje, o local se tornou um modelo de preservação de animais em extinção | New York Times/Arquivo
Imagem do início do século passado mostra criança num hipopótamo no Zoológico de St. Louis. Hoje, o local se tornou um modelo de preservação de animais em extinção| Foto: New York Times/Arquivo

História

Zoológicos americanos mudaram de função nas últimas décadas

Estabelecido em 1910, o Zoológico de St. Louis é um modelo para as instituições que estão sofrendo para se adaptarem ao conceito de zoológico do século 21. Durante o século 19, os EUA tiravam animais exóticos de seu hábitat natural e os exploravam principalmente para entretenimento, com uma ou outra coisa de educação sobre vida selvagem e preservação. Quando os hábitats naturais começaram a desaparecer, fazendo com que um número cada vez maior de animais não conseguisse mais manter sua população, os oficiais responsáveis pelos zoológicos se tornaram responsáveis também por resgates e proteção. Desde os anos de 1980, os zoológicos têm desenvolvido programas coordenados de reprodução que tiraram dúzias de animais, como o mico-leão- dourado brasileiro, da beira da extinção.

Um desafio crescente será o de equilibrar entre ser uma força de conservação e dar continuidade ao espetáculo.

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Bonner e Etienne parecem dois velhinhos enlouquecidos. Os lêmures, espécie da dupla, antigamente vagavam pelo les­­­­te de Madagáscar. Hoje, são­­ criados no zoológico de St.­­ Louis e em outros dos Es­­ta­­dos Unidos, como parte de um esforço maior para evitar que sejam extintos.

Nem todos os animais têm a mesma sorte. Ozzie, um macaco-de-cauda-de-leão, jamais terá filhotes. A espécie costumava prosperar na Índia, mas apenas 4 mil deles existem em hábitat natural. Nenhum dos membros do grupo de Oz­­zie será criado em St. Louis.

Conforme o número de espécies em risco de extinção aumenta vertiginosamente, os zoológicos estão recebendo cada vez mais pedidos para resgatar e manter animais, não somente espécies famosas como as de pandas e rinocerontes, mas também de todos os tipos de mamíferos, sapos, aves e insetos.

Para conservar os animais­­ de modo eficaz, os oficiais res­­ponsáveis pelos zoológicos­­ concluíram que precisam se­­lecionar melhor as espécies­­ sob seus cuidados e dedicarem mais recursos a um menor número de escolhidos. O­­ resultado é que os tratado­­res, em geral verdadeiros amantes dos animais, estão sendo cada vez mais pressionados a escolher que espécies de animais precisam ser salvas. Em alguns dias, o fardo se parece menos com o de Noé construindo uma arca e mais com o de Schindler fazendo uma lista.

Os lêmures de St. Louis são salvos por um programa muito bem financiado de resgate de fauna rara da ilha de Madagáscar. Em contraposição, por mais que o zoológico tenha cuidado de macacos-de- cauda-de-leão desde 1958, a espécie começou a desaparecer de cativeiro nos anos de 1990, porque podiam ser vetores de uma forma de herpes mortal aos humanos. Espera-se que os grupos de consultoria de espécies dos zoológicos norte-americanos logo ponham esses animais numa lista de eliminação progressiva.

Se há críticas, é a de que os zoológicos não estão transformando sua missão, de entretenimento para conservação, na velocidade desejada. Steven Monfort, diretor de um instituto de biologia conservatória de Washington, defende que esses espaços deveriam construir instalações para lidar com bandos enormes, para que um comportamento reprodutivo mais natural possa ocorrer. "Nós, como espécie, temos de decidir se será moral e eticamente apropriado simplesmente manter os animais em exposição para propósitos de entretenimento."

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