• Carregando...

A morte do líder da Al-Qaeda no Iraque, Abu Musab al-Zarqawi, expôs na quinta-feira as profundas divergências no mundo árabe, dividido entre aqueles que vêem a insurgência iraquiana como resistência à ocupação e aqueles que afirmam que a Al-Qaeda deturpa a reputação de árabes e muçulmanos.

Mas é pequena a expectativa de que a morte do militante de origem jordaniana reduza significativamente o nível de violência no Iraque.

Alguns cidadãos árabes consideram Zarqawi um herói por seu papel na insurgência, mas outros comemoraram sua morte, tratada como uma forma de justiça para os civis mortos pelos ataques executados por seu grupo, que se autodenomina a Al-Qaeda no Iraque.

Outra opinião que também existe é a de que os Estados Unidos demonizaram deliberadamente a figura de Zarqawi para achar um bode expiatório, exagerando sua importância na liderança.

"Ele morreu em nome de Deus. Depois de nos dar tanto e de demonstrar incrível coragem, Abu Musab, o leão, deixou-nos após ter humilhado os americanos. Rezem por sua alma", escreveu Khaled al-Saleh no website Montada.

"Graças a Deus esse infiel perverso está morto", escreveu um internauta identificado como Azizi em outra página na Internet. "Todos os fiéis verdadeiros ficaram livres desse mal."

O secretário saudita Abdullah, 29 anos, tinha um terceiro ponto de vista:

- Considero Zarqawi nada mais do que propaganda americana. É só um nome, um boato, para que eles tenham quem responsabilizar por tudo.

Analistas árabes estavam pessimistas quanto às expectativas manifestadas por líderes ocidentais como o presidente dos EUA, George W. Bush, e o premier britânico, Tony Blair.

Bush disse que a morte de Zarqawi é um forte golpe contra a Al-Qaeda e que representa uma oportunidade para o governo iraquiano "mudar a maré" na luta contra a insurgência.

Mustafa Alani, do Centro de Pesquisa do Golfo, em Dubai, afirmou:

- Talvez o derramamento de sangue diminua no Iraque agora. Mas o problema é que, sempre que um líder extremista morre, ele é substituído por outro mais radical. Zarqawi é uma figura central, mas acredito que a organização vá sobreviver. Isso terá algum impacto sobre a situação da segurança, mas não será o suficiente. Não vamos exagerar no impacto.

Para Diaa Rashwan, especialista em grupos islamitas do Centro Al-Ahram para Estudos Políticos e Estratégicos, no Cairo, os Estados Unidos exageraram várias vezes o efeito provável dos sucessos ocasionais que obtiveram no Iraque e vão fazê-lo novamente.

- Nos últimos tempos, Zarqawi não representava um elemento importante nas operações violentas no Iraque. Outros grupos que não são extremistas, grupos de resistência, e não terroristas, ganharam força - disse ele à Reuters.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]