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A saída do primeiro-ministro britânico, Tony Blair, do poder deve ser planejada nos mínimos detalhes para mostrá-lo como um "astro" numa "turnê de despedida", revelou um memorando que foi obtido por um jornal e publicado nesta terça-feira.

O documento, supostamente elaborado pelos principais assessores de Blair e publicado no "Daily Mirror", mostra como o governo está determinado a administrar a imagem do premier até o fim.

A proposta é criar a oportunidade para uma série de aparições de Blair nos últimos meses do premier no poder. "Seu verdadeiro legado não é a introdução(...) mas o predomínio das novas idéias trabalhistas, o triunfo do blairismo", afirma o texto.

"Com a entrada de TB (Tony Blair) em sua fase final, ele precisa estar com o foco para bem além da linha de chegada, não olhando para ela. Ele precisa ir às multidões querendo mais", continua o memorando.

O porta-voz oficial do premier disse que nem Blair nem a equipe principal de Downing Street viu o documento. Ele disse que Blair quer continuar fazendo "o que o governo foi eleito para fazer".

"Ele está interessado no conteúdo, não na imagem", disse o porta-voz.

No cargo há nove anos, Blair já disse que não vai perseguir um quarto mandato e que vai dar a seu sucessor, possivelmente o ministro das Finanças, Gordon Brown, bastante tempo para se adaptar antes das próximas eleições gerais, previstas para 2009.

Mas, apesar da enorme pressão, Blair, de 53 anos, não quer dizer exatamente quando deixará o cargo. Na semana passada, numa entrevista ao "Times", ele disse que não tem intenção de fazer novas revelações sobre seu futuro.

- Ele sabe que as pessoas vão criar sua própria imagem sobre ele e sobre seu histórico. O que ele quer fazer é continuar tratando das questões imediatas e desenvolver políticas para os problemas que surgirem - disse o porta-voz de Blair.

Dentro da forte especulação sobre a data da saída de Blair, a imprensa britânica disse nesta terça-feira que vários integrantes do Partido Trabalhista assinaram uma carta pedindo a ele que decida qual será seu último dia.

A popularidade de Blair despencou depois de uma série de escândalos no governo e da controvérsia sobre a guerra no Iraque. Segundo as pesquisas de opinião, os trabalhistas estão bem atrás dos conservadores - que estão ressurgindo sob a liderança do jovem e ambientalista líder David Cameron.

O documento revelado nesta terça-feira, chamado "Reconectando-se com o público - um novo relacionamento com a imprensa", não dá indicações sobre a data da partida, mas ressalta questões que podem ameaçar a imagem cuidadosamente coreografada de Blair.

O texto diz que o Iraque é o "elefante na sala" e afirma ser necessário um planejamento diário para os últimos meses de Blair.

Deve ser "o máximo possível como uma turnê de despedida, olhando para o futuro, assegurando que o partido esteja no lugar certo e que o público se lembre dele do modo correto", diz o texto.

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