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Cartaz com a imagem do ditador venezuelano Nicolás Maduro no bairro de Petare, na capital Caracas. Membros do chavismo enriquecem com atividades criminosas enquanto país entra em colapso
Cartaz com a imagem do ditador venezuelano Nicolás Maduro no bairro de Petare, na capital Caracas. Membros do chavismo enriquecem com atividades criminosas enquanto país entra em colapso| Foto: Foto: Yuri Cortez / AFP

Uma das pessoas mais próximas ao ditador Nicolás Maduro, Tareck El Aissami há tempos está na mira de investigações dos Estados Unidos e de seu próprio país por causa do seu envolvimento com o mundo do crime, e é uma das muitas autoridades venezuelanas que sofreram sanções impostas pelos EUA.

Segundo uma reportagem do jornal americano New York Times publicada nesta quinta-feira (2), um dossiê secreto compilado por agentes dos serviços de inteligência venezuelanos relata várias ligações de Aissami com o crime. O jornal afirma que Aissami e sua família facilitaram a entrada na Venezuela de militantes do grupo radical xiita libanês Hezbollah, considerado terrorista por EUA e outros países; fizeram negócios com um narcotraficante e armazenaram 140 toneladas de químicos que podem ter sido usados para a produção de cocaína.

Aissami é uma presença constante ao lado de Nicolás Maduro. Atualmente ele ocupa o cargo de ministro de Indústrias e Produção Nacional do regime chavista, mas já foi vice-presidente de Maduro. As suas atividades criminosas o tornaram rico enquanto a economia do país entrava em colapso e a população sofria cada vez mais com a falta de medicamentos e comida, afirmou o New York Times.

Um tribunal federal de Manhattan indiciou Aissami em março por acusações de que ele trabalhava com chefes do tráfico. As acusações foram consideradas pelo chavismo parte da propaganda do governo Trump para derrubar o regime socialista. O governo americano impôs sanções contra Aissami em 2017, alegando envolvimento com o tráfico de drogas.

O New York Times afirma que recebeu o dossiê de um ex-agente de alto escalão da inteligência da Venezuela e que um segundo ex-funcionário confirmou a veracidade do documento independentemente.

O documento contém testemunhos de informantes que acusam Aissami de recrutar militantes do Hezbollah para ajudar a expandir as redes de espionagem e de tráfico de drogas na região. Ele usou a sua autoridade, segundo o dossiê, para facilitar a permanência dos militantes no país.

Aissami também atuou de outras maneiras no mundo do crime. O documento diz que o seu irmão, Feraz, fez negócios com o traficante de drogas mais conhecido da Venezuela, Walid Makled, e que teria US$ 45 milhões em contas bancárias na Suíça.

A reportagem diz que o ministro usou a riqueza acumulada com as atividades ilegais para comprar empresas, terreno para um resort de luxo e diversos empreendimentos imobiliários.

Autoridades americanas afirmam que o Hezbollah há tempos mantém presença na América do Sul, onde teria ajudado a lavar dinheiro do tráfico de drogas.

Narcoestado

Em entrevista à Gazeta do Povo em janeiro, o escritor Leonardo Coutinho, autor do livro "Hugo Chávez, o espectro: como o presidente venezuelano alimentou o narcotráfico, financiou o terrorismo e promoveu a desordem global", explicou como a Venezuela se tornou um "narcoestado", que ajudou a abastecer grupos terroristas islâmicos com toneladas de cocaína fornecidas pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e mediou um acordo nuclear clandestino entre Irã e Argentina.

O envolvimento da cúpula mais próxima de Maduro com o crime é apontado com um dos motivos pelos quais os militares não deixarão de apoiar o ditador durante a campanha para tirá-lo do poder.

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