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Governo sob suspeita

O vôo com funcionários do Ministério do Planejamento e US$ 800 mil é o quinto escândalo que atinge o governo argentino neste ano eleitoral

OS PERSONAGENS

CLAUDIO UBERTI – Era presidente do Ente Regulador de Autopistas, e também o principal negociador argentino com a Venezuela. Oficialmente, foi a Caracas tratar de um acordo energético.

JULIO DE VIDO – Ministro do Planejamento, era superior de Uberti. É um dos ministros mais próximos de Kirchner.

GUIDO ANTONINI WILSON – Empresário venezuelano radicado em Miami, tem ligações com a petroleira Venoco e com a indústria bélica.

DANIEL UZCATEGUY SPEECH – Filho do vice-presidente da PDVSA, era um dos quatro executivos da companhia no vôo.

EXEQUIEL ESPINOZA – Presidente da Enarsa, companhia estatal argentina do setor de petróleo e que foi responsável pelo aluguel do avião.

PERGUNTAS SEM RESPOSTA

1. Antonini Wilson era o verdadeiro dono do dinheiro ou ele pertencia a outro dos passageiros do avião?

2. Para que seriam usados os US$ 800 mil?

3. Qual é a origem do dinheiro?

4. Qual é a ligação do empresário com os governos de Kirchner e Chávez?

5. Por que o governo Kirchner levou quatro dias para divulgar um fato que já era do seu conhecimento desde sábado?

OS OUTROS ESCÂNDALOS

CASO SKANSKA – A Skanska é uma construtora sueca que admitiu ter pago "comissões indevidas" de 13 milhões de pesos para ser escolhida para a construção de um gasoduto. Dois funcionários foram demitidos.

DINHEIRO NO BANHEIRO – A ministra da Economia, Felisa Miceli, é demitida cerca de um mês depois do descobrimento, no banheiro de seu gabinete, de uma bolsa com 100 mil pesos e US$ 31 mil em dinheiro.

CONTRABANDO DE ARMAS – A ministra da Defesa, Nilda Garré, foi indiciada por suposto contrabando de material bélico subfaturado para os EUA.

Buenos Aires – O "Escândalo da Maleta" – denominação do caso de corrupção cujo pivô é uma maleta carregada de US$ 790 mil que entrou na Argentina sem declaração pelas mãos de um cidadão venezuelano no fim de semana – provocou ontem a sua primeira baixa, o argentino Claudio Uberti, diretor do Organismo de Fiscalização de estradas.

Uberti um dos principais homens de confiança do poderoso ministro do Planejamento e Obras Públicas, Julio De Vido, teve de deixar o cargo 12 horas depois que a Justiça divulgou que ele era um dos nove integrantes do vôo, proveniente de Caracas, que no sábado de madrugada pousou em Buenos Aires trazendo a maleta com os dólares contrabandeados.

Entre os passageiros do avião estavam integrantes dos governos venezuelano e argentino, além de Guido Antonini Wilson, o misterioso dono da maleta.

O presidente Néstor Kirchner fez alarde ontem de combater a corrupção. "Eu não escondo nada. E quando algo acontece, tomo as medidas que correspondem!", esbravejou durante um comício. "Pela primeira vez, neste país, a corrupção é combatida a sério!", disse de forma genérica, sem se referir a Uberti.

Após a renúncia de Uberti – principal negociador de acordos com a Venezuela (chamado de "o embaixador paralelo de Kirchner) – existia a expectativa de que outro integrante do vôo, o argentino Exequiel Espinosa, presidente da estatal petrolífera Enarsa (que havia alugado o jatinho), também deixaria o cargo.

No entanto, o chefe do Gabinete de Ministros, Alberto Fernández, confirmou que Espinosa permanecerá em seu posto. "Ele não tem nada a ver com esse assunto", explicou. "Houve abuso da boa fé dos funcionários argentinos por parte dos funcionários venezuelanos que pediram que trouxessem uma pessoa com uma maleta com tal quantidade de dinheiro sem que ninguém o soubesse".

O escândalo ameaça provocar uma catarata de denúncias sobre as relações obscuras – e bilionárias – dos governos Kirchner e Chávez. O deputado Esteban Bullrich, da coalizão de centro-direita Proposta Republicana (PRO), afirma que existe superfaturamento nas compras argentinas de diesel venezuelano, entre outras irregularidades.

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