
Os egípcios vão às urnas hoje na primeira eleição presidencial livre no país. Durante os 30 anos de governo do "faraó" Hosni Mubarak, as eleições eram meras encenações, com resultados já conhecidos de antemão. Os regimes anteriores, sob o domínio de faraós, sultões, reis e militares, tampouco eram democráticos.
Agora, espera-se que os 50 milhões de eleitores decidam quem irá governar o país depois que a Junta Militar encerrar formalmente a atual fase de transição, em 1.º de julho. Desde a deposição de Mubarak, em fevereiro de 2011, o Egito vive uma fase de violência, protestos e impasse político.
A campanha eleitoral oficial, que durou três semanas, terminou no domingo. Durante esse período, houve o primeiro debate televisionado na história do país, envolvendo dois candidatos, e os jornais publicaram entrevistas e anúncios. Cartazes e faixas dominam as ruas.
Nenhum dos 12 candidatos deve obter maioria absoluta no primeiro turno, o que forçará um segundo turno em junho.
Quem vencer terá pela frente a enorme tarefa de realizar reformas e promover o crescimento econômico. Há poucas pesquisas confiáveis para indicar quem é o favorito.
Preocupação
O Ocidente, sempre receoso da ascensão de políticos islâmicos, e Israel, preocupado em manter a paz instaurada em 1979 com o Egito, acompanham atentamente o pleito, depois de verem os grupos islâmicos formarem maioria na eleição parlamentar que terminou em janeiro.
Tentando atenuar essas preocupações internacionais, o candidato da Irmandade Muçulmana, Mohamed Mursi, prometeu no seu comício final, no domingo, que "não vamos exportar nossa revolução para ninguém".
Entre seus rivais estão Abdel Moneim Abol Fotouh, um político islâmico que atrai um amplo contingente de apoiadores, de liberais a radicais salafistas; Amr Moussa, ex-chanceler e ex-dirigente da Liga Árabe, cujo nome é muito conhecido dos eleitores; e Ahmed Shafiq, ex-comandante das Forças Armadas.
Numa arrancada de última hora desponta Hamdeen Sabahy, um esquerdista inspirado por Gamal Abdel Nasser, cujos "Oficiais Livres" derrubaram o rei Farouk em 1952 e estabeleceram o sistema que fez com que militares ocupassem a presidência nos últimos 60 anos.



