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Aeroporto do Cairo: sírios e palestinos que chegam ao país sofrem com a burocracia | Mohamed Abd El Ghany/Reuters
Aeroporto do Cairo: sírios e palestinos que chegam ao país sofrem com a burocracia| Foto: Mohamed Abd El Ghany/Reuters

300 mil sírios vivem no Egito. Desses, mais de 105 mil estão registrados como refugiados e 19.220 estão na lista de espera, segundo o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados. Nos últimos dois meses, pelo menos 146 sírios foram detidos por estarem supostamente em situação irregular ou por cometerem atos violentos.

Cerca de cem sírios se reuniram em frente da embaixada de seu país no Cairo, capital do Egito, e o objetivo da maioria deles é conseguir a permissão necessária para que seus filhos consigam voltar às salas de aula com o início de um novo ano letivo.

Obter esse papel não é uma tarefa fácil, já que é preciso fazer uma solicitação a autoridades que consideram como terroristas aqueles que se opõem ao presidente da Síria, Bashar Assad. No entanto, não há alternativa desde que o Egito tornou mais rigorosos os requisitos para sírios e palestinos.

A medida é parte da campanha para evitar a infiltração de jihadistas no país, em andamento desde que o exército depôs o presidente islamita Mohammed Mursi, no dia 3 de julho. "Agora estão pedindo permissões sírias para tudo", contou Mohammed el Omari, que estava havia nove horas na rua com a esposa à espera de uma autorização para matricular os dois filhos.

Vindo da província de Hama, Omari reconhece que sua vida no Egito se tornou "mais difícil", embora não tenha tido problemas de convivência. No governo de Mursi, apenas o passaporte era suficiente para conseguir e renovar a residência no Egito. Agora os sírios precisam de um visto e de um documento expedido pelo regime que certifique que eles não representam um perigo para a segurança.

Xenofobia

O sentimento de xenofobia contra os sírios também vem crescendo no Egito, agravado pela imprensa local e por setores nacionais que vinculam os refugiados à Irmandade Muçulmana, partido ao qual pertencia Mursi e que apoia a revolta na Síria.

O jovem Moaz se esforça para passar despercebido. Ele conta que deixou sua pulseira da revolução síria em casa e que baixa a voz quando fala ao telefone para que outras pessoas não consigam identificar seu sotaque.

Mas nem sempre Moaz consegue ocultar a própria nacionalidade. Desde que se mudou com a família para a cidade de Port Said para abrir uma fábrica de refrigerantes, as autoridades egípcias o pararam várias vezes na estrada para o Cairo e o obrigaram a passar horas sob o sol "só por ser sírio".

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